Importância da produção nacional foi enfatizada durante o 22º ENAIQ; revolução energética também foi tema de debate no evento
“Ouvimos que esse ano conclui uma década perdida para a indústria química brasileira. Mas nosso futuro ainda vamos escrever”. Foi com esse discurso que o presidente do Conselho Diretor da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), Marcos De Marchi, iniciou sua apresentação no 22º ENAIQ (Encontro Anual da Indústria Química), evento realizado em São Paulo no dia 8 de dezembro.
Enfatizando a importância do setor para o País, De Marchi relembrou o impacto positivo na saúde e na qualidade de vida da população; a presença da produção em todos os setores industriais; a atuação decisiva na retenção de talentos e no desenvolvimento tecnológico; e o papel impulsionador da química no ganho de produtividade agrícola do Brasil. “É por isso que a indústria química é a grande motora da retomada econômica”.
Sobre o crescimento da indústria brasileira que, segundo divulgado pela Abiquim, deve encerrar 2017 com um faturamento líquido de R$ 379,3 bilhões (representando crescimento de 1,2% no comparativo com 2016), o executivo acredita que devemos nos espelhar em países como China, EUA e Japão. “Aprendemos a produzir mais com menos. Países economicamente fortes ou em acelerado crescimento reconhecem a importância de uma indústria química robusta”, declarou, ao mencionar que chegamos a ocupar o sexto lugar no ranking mundial, mas a recessão e a desaceleração nos derrubaram para a oitava posição.
“A baixa competitividade da indústria tem causas conhecidas. Matéria-prima e energia caras aliadas ao famoso custo Brasil são nossos maiores entraves. Porém, temos o que é necessário para nos tornarmos relevantes e positivos”, disse sobre a necessidade de atrair investimentos para vetar o processo que tem feito com que as importações ocupem parcelas cada vez maiores da demanda nacional.
Revolução energética e América Latina – Trazendo uma perspectiva regional e declarando que a energia é, hoje, o motor da nova revolução industrial, Fabian Gil que é vice-presidente do Conselho Diretor da Abiquim e presidente da Dow para América Latina, relembra que o Brasil tem um papel indispensável. “Precisamos pensar regionalmente, pois esse olhar nos dá uma visão mais criativa. Não podemos pensar em um plano de longo prazo de infraestrutura sem essa visão regional”, disse ao mencionar que hoje a Argentina conta com a segunda maior reserva mundial (referindo-se à Vaca Muerta, jazida de hidrocarbonetos não convencionais localizada no sudoeste da Argentina), mas que, com uma economia pequena, carece de demanda e que essa demanda está aqui, no nosso País.
Afirmando que até 2030 a produção do pré-sal representará quase 50% da produção total brasileira e que, em energias renováveis, espera-se um crescimento de 162% na capacidade de produção até 2024, Gil afirma que o setor privado pode ser um parceiro-chave para alavancar o crescimento econômico do Brasil: “Podemos revalorizar a colaboração público-privado através de um diálogo construtivo e positivo”.
Ainda sobre a revolução energética, retratou a importância de darmos atenção aos três pilares principais desse momento que estamos vivenciando: eficiência energética, aumento da produção local e diversificação da matriz através de uma maior integração regional. “A oportunidade é enorme”, declarou. “Temos feito mudanças e avançamos. Mas o mundo avança a um ritmo exponencial. Se queremos nos reposicionar geopoliticamente como potência energética para lidar com a indústria 4.0, devemos começar a trabalhar já. E a indústria química brasileira está pronta para isso”, completou.
Tendo a inovação reconhecidamente como um dos caminhos para o crescimento e visando impulsionar a indústria e garantir um desenvolvimento significativo capaz de levar à tão sonhada Química 4.0, o evento também recebeu a Embrapii – Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial que, por meio do presidente Jorge Guimarães, apresentou o modelo de financiamento de projetos para todos os executivos do setor industrial, gestores públicos, pesquisadores e acadêmicos presentes.