Sinproquim acompanhou a 11ª edição do encontro realizada em Brasília nesta terça-feira, 3 de julho; evento foi criado sob a temática “Brasil 2019 – 2022: A indústria e o novo governo”
Realizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), o ENAI – Encontro Nacional da Indústria chega à sua 11ª edição promovendo o diálogo sobre assuntos estratégicos relacionados à cadeia produtiva brasileira. Efetivado nesta terça-feira, 3 de julho, em Brasília (DF), o encontro intitulado “Brasil 2019 – 2022: A indústria e o novo governo” trouxe os principais líderes do país para abordar as perspectivas da indústria brasileira sob o próximo governo e temas como a quarta revolução industrial, competitividade, inovação tecnológica, educação e produtividade. Representando o Sinproquim, Nivio Machado Rigos, vice-presidente; Ricardo Neves de Oliveira, diretor-executivo; e Enio Sperling Jaques, assessor de RH e Jurídico, acompanharam toda a agenda.
Participando da abertura da edição 2018 do ENAI, o presidente da República Michel Temer fez um pronunciamento focado em análises recentes de seu governo e perspectivas futuras. “É preciso ousadia para realizar as reformas necessárias para o país. A reforma trabalhista foi um aspecto muito importante para a classe empresarial, para a segurança jurídica e, principalmente, para a geração de empregos”, afirmou. Entrando na questão tributária, que foi amplamente discutida durante toda a manhã, o presidente declarou que “temos que falar em simplificação tributária para fomentar o desenvolvimento do país”.
Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, enfatizou a importância da indústria brasileira dentro do cenário econômico e de inovação. “Sabemos que a indústria é o principal motor do crescimento nacional. Graças ao seu efeito multiplicador, a cada real produzido pelo setor industrial, são gerados R$ 2,32 para a economia brasileira como um todo”, declarou.
Enfatizando a importância dos próximos meses para a definição dos caminhos para o país, Andrade traçou alguns dos principais problemas enfrentados pelo desenvolvimento e as melhores alternativas para saná-los. “Ainda continuamos enfrentando velhos problemas como sistema tributário ineficiente, infraestrutura precária, educação de baixa qualidade, financiamento caro e relações de trabalho que, só recentemente, passaram por modernizações”, disse. “Com reformas econômicas e institucionais o Brasil pode crescer o dobro da taxa dos últimos anos e reduzir o fosso que nos separa das nações mais avançadas”, completou lembrando que a indústria tem contribuído com o processo eleitoral ao dialogar com os candidatos apresentando propostas concretas para melhorias reais.
Já Marcos Jorge de Lima, ministro do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), optou por destacar a importância do evento para a reunião de líderes na discussão sobre a relevância do setor industrial para o crescimento do país. “Nossas lideranças industriais têm muito a contribuir. Temos, por exemplo, 21% dos empregos no Brasil gerados pelo setor”, apontou ao dizer que uma das metas do ministério é melhorar o ambiente de negócios para possibilitar bons avanços. “É fundamental olharmos para o futuro fortalecendo a indústria brasileira. País forte tem que ter uma indústria forte”, encerrou.
Governança Brasil – Mediado pelo jornalista Willian Waack, o painel “A Governança do Brasil: problemas, agenda e saídas” contou com a participação de grandes líderes do país. Abrindo as explanações, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez um breve retrospecto histórico envolvendo a globalização. “A sociedade mudou e vai mudar mais. E mudou, pois, houve mudanças na forma de produção. A tecnologia altera as organizações e as comunicações”, disse.
Lembrando que é preciso comunicar para colocar o país nos eixos, falou sobre as lideranças e seus desafios. “Estamos vivendo um momento onde há uma dispersão de forças e não sabemos quem as comanda”, comentou afirmando, na sequência, que “temos que encontrar caminhos com valores comuns que permitam união. No mundo que vivemos, líder não é só quem fala, é quem ouve. As pessoas querem participar”.
Também ativo no debate, Pedro Parente, presidente do conselho da BRFoods, destaca três princípios que são cruciais à governança produtiva: funcionamento orgânico, funcionamento efetivo do governo e autocorreção. “É preciso funcionar como uma entidade única, com diretrizes claras e estratégicas, responsabilidade coletiva do presidente e de seus ministros. Ao mesmo tempo, permitir um funcionamento efetivo do governo que traga resultados à sociedade e, se houver necessidade de mudanças, o sistema precisa ser capaz de fazê-las sem rupturas”, afirmou.
Para Joaquim Falcão, professor de direito constitucional e terceiro membro da mesa debatedora, a fragmentação do país existe e teve início no poder decisório. “O século passado foi o século da escolha da democracia por boa parte das nações. O século que estamos vivendo é o da implementação do que decidimos no passado. É o estresse da democracia”.
Encerrando o painel, FHC relembra que quem assumir o poder em 2019 terá dificuldades para governar e que é necessário ter uma estratégia para o país. Em concordância com o ex-presidente, Parente enfatiza que o novo presidente da República apenas terá condições de agir se tiver liderança e carisma responsável. “A dinâmica desse processo de reforma precisa de cinco pontos: enxergar o problema, querer resolvê-lo, saber como resolvê-lo, saber comunicar e trazer de volta a esperança. Apenas falamos o lado ruim para a população e esquecemos de mencionar que as reformas querem aproximar o país que temos daquele que podemos ter, que é muito melhor”, finaliza.
Debates diversificados – A edição 2018 do ENAI contou com uma agenda bastante ampla para a análise sobre os próximos desafios do país mediante o novo governo. Tratando sobre os entraves do cenário econômico, Luiz Guilherme Schymura, diretor do Instituto Brasileiro de Economia; e Otaviano Canuto, diretor executivo do Banco Mundial, seguiram uma pauta focada no âmbito fiscal. “Temos uma situação razoavelmente sólida de balanços externos, mas temos uma debilidade enorme: a fiscal. Estamos em uma trajetória insustentável”, declarou Canuto.
Fazendo uma analogia sobre a saúde econômica do país, Canuto declarou que “o Brasil sofre de uma doença crônica dupla. Uma anemia de produtividade e uma propensão à obesidade fiscal. O tratamento será necessário para entrarmos em uma era de crescimento”. Para Schymura, há solução. “A dificuldade é basicamente política. O ajuste, porém, é muito grande”, completou.
No período da tarde, Soumitra Dutra, co-editor do Índice Global de Inovação e ex-reitor da Escola de Negócios SC Johnson College, da Universidade de Cornell, falou sobre “Os desafios da quarta revolução industrial no Brasil: um olhar sobre a inovação tecnológica e a produtividade”. Apresentando alternativas para que a indústria torne-se mais competitiva por meio de ferramentas digitais, o especialista enfatizou que “o mundo está mudando rapidamente e devemos nos perguntar como reagir a essas mudanças”. Para ele, são quatro os elementos que propiciam uma criação de ambiente digital: ecossistemas interconectados, processos inteligentes, plataformas inteligentes e produtos digitais.
Na sequência, discutiu-se, no ENAI 2018, o tema “Sustentabilidade e fortalecimento do Sistema Associativo da Indústria”. Retornando ao palco, Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, teve a companhia de Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da confederação; Leonardo Souza Rogério de Castro, presidente da FINDES (Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo); e Gilberto Porcello Petry, presidente da FIERGS (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul).
Encerrando a agenda de painéis e palestras, Christopher Garman, diretor das Américas da Eurasia Group, apresentou “Eleições 2018: Quais as principais tendências e cenários”. Centrado na política de gestão macroeconômica de mercados emergentes, Garman reforçou que um país não pode subestimar sua população. “No Brasil, segundo pesquisa da IPSOS, 68% do povo acredita que políticos e partidos ‘não ligam para eles’”, declarou ele que acredita que não é mais possível evitar as reformas. “Há razões para acreditar que o caminho político para entregar as reformas fiscais está se encurtando. O que está em jogo não é se teremos continuidade nas reformas, mas seu escopo, amplitude e rapidez”, disse.
Após a palestra de Garman, José Augusto Coelho Fernandes, diretor de Políticas e Estratégia da CNI, subiu ao palco para apresentar a dinâmica do “Diálogo da Indústria com os candidatos à Presidência da República”, evento que está sendo realizado nesta quarta-feira como uma sequência ao ENAI 2018 e que recebe os pré-candidatos para apresentações individuais de suas agendas de governo para empresários industriais. Também foi realizado o 1º Prêmio Nacional de Boas Práticas Sindicais e o lançamento do SE SESI e SENAI do Futuro.