A recuperação na atividade econômica do País, apesar de ainda modesta, trouxe uma sinalização positiva há muito aguardada. As projeções indicam um crescimento do PIB em torno de 1,12% em 2019 e de 2,25% em 2020, com índices inflacionários controlados, abaixo do centro da meta estabelecida para o País, de 4,25%. Esses dados trazem algum alento para a indústria química, fornecedora de produtos para praticamente todas as atividades. O aumento da produção em outros setores, da agricultura à automobilística e construção civil, tem reflexos diretos sobre o desempenho da indústria química.
Apesar da melhora da expectativa, é bom ter em mente que há muito a fazer para assegurar que a recuperação econômica converta-se em crescimento sustentável, vigoroso e prolongado, com a elevação da oferta de empregos e incentivo ao investimento. Dados do Sinproquim mostram que a indústria química paulista, a maior do País e que responde por mais de 1/3 do faturamento do setor, operou em 2019 com um nível de utilização da capacidade instalada em torno de 70%.
Essa margem de ociosidade, muito ruim por um lado, assegura, por outro, uma rápida resposta ao crescimento da demanda. Mas, para isso, é necessário remover alguns obstáculos persistentes na economia brasileira e que retiram competitividade da indústria química, como o custo da energia, a precária infraestrutura, a alta carga tributária incidente sobre o setor produtivo e o cipoal burocrático, para citar apenas alguns dos graves problemas que afetam os fabricantes locais.
Um reflexo dessa situação está espelhado nos números do crescente déficit na balança paulista de produtos químicos de uso industrial, foco da atenção do Sinproquim. Os números indicam que as compras externas desses produtos por empresas paulistas terão crescimento em torno de 30% em 2019 e que as exportações declinarão mais do que 7%.
Isoladamente ou em conjunto com outras entidades de classe, o Sinproquim tem procurado sensibilizar autoridades públicas sobre a relevância da indústria química, notadamente da situada no Estado de São Paulo, fornecendo dados e informações sobre o desempenho e problemas enfrentados pelo setor. Ao mesmo tempo, tem realizado ações de apoio e incentivo às empresas, como o lançamento em 2019 da versão digital do Guia da Indústria de Produtos Químicos do Estado de São Paulo, que pode ser consultado gratuitamente pela internet; divulgação de mudanças em discussão ou realizadas na legislação, com destaque para as áreas trabalhista, de comércio exterior e de logística; criação da Comissão de Compliance para o aprimoramento da gestão nas empresas e promoção de workshops e outros eventos.
O Sinproquim também tem trabalhado para difundir ao público a contribuição dada pelo setor químico à economia, aos avanços tecnológicos e ao bem-estar da população, tanto pela internet como pela montagem física, em escolas e outros espaços, da exposição “A importância dos produtos químicos para uma vida melhor”, criada pela entidade. Muitas foram as ações realizadas pelo Sinproquim em 2019 na defesa dos legítimos interesses da indústria química paulista. E elas prosseguirão firmemente em 2020.
*Renato Endres é diretor-executivo do Sinproquim