Fiesp lança campanha “Chega de engolir sapo” contra os juros cobrados no Brasil

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e líderes de diversos setores participaram do lançamento, no dia 13 de março, da campanha “Chega de engolir sapo”, que tem como objetivo combater os juros cobrados das empresas e dos consumidores brasileiros, classificados como os mais altos do mundo. Ao apresentar o conceito, Skaf lembrou a semelhança com a campanha “Não Vou Pagar o Pato”. Além de impedir, graças ao forte apoio popular, o aumento de impostos, o Pato acabou virando símbolo da luta pelo impeachment. “O Sapo inicia hoje sua carreira, seu trabalho, sua missão”, afirmou Skaf. Quanto ao Pato, está recolhido, disse, mas pronto para sair às ruas caso haja qualquer ameaça de aumento de impostos.

O Sapo, explicou, nasce numa campanha de todos os empresários e setores profissionais presentes. Não é da Fiesp e do Ciesp, ressaltou. São entidades de diversos setores, nos níveis municipal, estadual e federal. O Sapo está de olho nos juros cobrados no Brasil, os mais altos do mundo. Como os impostos elevados demais, os juros brasileiros são absurdos. Houve redução da Selic, a taxa básica de juros, reconheceu Skaf, ressalvando que ainda é alta, mas o alvo da campanha está nos juros cobrados pelos bancos de consumidores.

Skaf mostrou a diferença entre o que paga uma aplicação financeira básica, a caderneta de poupança, e o que é cobrado pelo cheque especial. A pessoa que tivesse depositado dez anos atrás R$ 100,00 na caderneta teria hoje R$ 198,03, enquanto uma dívida de R$ 100,00 também contraída dez anos atrás, representaria hoje R$ 4.394.136,97.

O segundo vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, mostrou o quanto significa o spread (a diferença entre o que bancos pagam pelo dinheiro que captam para emprestar e o quanto cobram de juros) para o bolso das pessoas. Se o spread no Brasil fosse semelhante ao de outros países, as famílias economizariam R$ 204 bilhões por ano, o que aumentaria muito a capacidade de consumo.

Concentração 

Roriz destacou que os EUA têm mais de 1.200 bancos pequenos e médios, o que contradiz o argumento dos bancos de que a concentração brasileira é normal. Acontece o mesmo na Europa e na Ásia, em que a concorrência é muito forte. A inadimplência, de 2011 a 2017, teve queda no Brasil. E, no mundo, há 70 países mais inadimplentes que o Brasil. Na Itália, a inadimplência é três vezes mais alta do que a brasileira, mas o spread aqui é oito vezes superior, exemplificou.

As ações iniciais da campanha, no dia de seu lançamento, incluíram anúncios em jornais, assinados pela Fiesp e pelo Ciesp, a distribuição de folhetos explicativos nas portas de bancos na avenida Paulista por 150 pessoas vestidas como sapos e a divulgação no Facebook. Sapos gigantes foram posicionados na entrada do prédio.