Pesquisa mostra que crimes contra indústria movimentaram R$ 13,2 bilhões em 2015

As ações de contrabando, roubo de cargas, pirataria e falsificações de produto, entre outras atividades ilícitas executadas contra nove setores da indústria paulista (químicos, alimentos, automóveis, brinquedos, eletrônicos, higiene e perfumaria, medicamentos, tabaco e vestuário), movimentaram R$ 13,2 bilhões em 2015, gerando imensos prejuízos à sociedade. Pelos cálculos da Fiesp, que realizou pesquisa com 345 indústrias paulistas, deixaram de ser gerados, em consequência desses crimes, 111.598 empregos formais e a perda do governo federal em arrecadação chegou a R$ 2,81 bilhões. 

Os efeitos nocivos da criminalidade sobre a indústria paulista e o real impacto dos mercados ilícitos na renda, empregos, impostos e competitividade das empresas foram dimensionados com base na primeira Pesquisa de Vitimização Industrial. A pesquisa integra o Anuário de Mercados Ilícitos Transnacionais – 2016, publicação lançada pelo Observatório de Mercados Ilícitos da Fiesp (OMI), desenvolvido pelo Departamento de Segurança (Deseg) da Fiesp.

Das 345 indústrias que responderam à pesquisa, realizada em setembro de 2015, 46,7% afirmaram ter sido vítimas de algum tipo de crime nos 12 meses anteriores ao questionamento e 64,6% foram vítimas de algum tipo de crime em outros momentos. Os crimes ocorreram na sede ou filiais das indústrias em 27,1% dos casos e no transporte de cargas ou valores para 23,8% das empresas. De acordo com a pesquisa, a perda estimada dessas empresas em faturamento foi de R$ 5,12 bilhões.

O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, considera esses números preocupantes. “Nesse patamar, os custos das empresas com segurança privada e seguros são obrigatórios e estão a cada dia maiores, elevando assim, o custo da produção e impactando a competitividade dos setores em relação a regiões ou países que não possuem vitimização tão elevada. Esses fatores podem desestimular a ampliação dos negócios existentes e a abertura de novas unidades. Garantir a segurança e reduzir riscos de vitimização da indústria é essencial para aumentar o investimento e estimular o empreendedorismo”, afirma.

Mercados Ilícitos Transnacionais

 De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mercados ilícitos transnacionais são caracterizados pela oferta compartilhada, em escala regional ou internacional, de drogas, armas, produtos roubados, furtados, contrabandeados, de contrafação ou pirateados, que atentem a demanda interna ou externa do país destinatário, formando uma economia criminal transnacional.

Piotr Stryszowski, economista de um projeto da OCDE que avalia o impacto do mercado ilícito, considera que o problema é a maior ameaça às economias modernas. De acordo com Stryszowski, diferentes setores operam no mercado ilícito. “Há atividades nas áreas de tabaco, farmacêutica, armas, narcóticos e assim por diante. As motivações são os altos rendimentos e os baixos riscos”, ressalta.

Segundo o consultor do Deseg, João Henrique Martins, o Brasil está entre os países com maior risco de roubo de carga e incidência de contrabando. “Há diversas evidências de que o Brasil é um case internacional em mercado ilícito”.

A íntegra do Anuário e outras informações estão disponíveis no site do Observatório de Mercados Ilícitos.