O endividamento das empresas e a menor capacidade de geração de caixa criaram um cenário extremamente preocupante e comprometedor para o investimento industrial e a retomada do crescimento econômico. Pesquisa realizada pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com 269 das maiores empresas da indústria de transformação, que respondem por 43% do faturamento do setor, mostra que essas empresas encerraram 2015 com dívidas de R$ 500 bilhões e retração na geração de caixa de 6,6%, descontada a inflação. O Decomtec projeta que, mantida a tendência atual, o endividamento dessas empresas crescerá 207% até 2020, contra 28% do Ebtida.
Os dados constam do estudo “Situação econômica do País e a deterioração financeira da indústria de transformação”. O levantamento mostrou que metade das empresas consultadas está com uma relação dívida/Ebtida maior do que cinco, nível considerado crítico pelos analistas financeiros. Como consequência dos juros altos e da escalada do câmbio em 2015, as despesas financeiras cresceram 85% e ultrapassaram a capacidade de geração de caixa (Ebitda) em 20%. O lucro líquido agregado caiu 65%, e 44% das empresas da amostra sofreram prejuízo em 2015, contra 22% em 2010.
O estudo realizado pela Fiesp apresenta propostas de políticas públicas para a reversão da tendência e criação de um cenário mais favorável à retomada dos investimentos, como a redução mais acelerada dos juros, adoção de medidas emergenciais na área de crédito e a ampliação do apoio à fusão e aquisição de empresas com dificuldades financeiras.