Apresentação enfatizou a importância da indústria química para o desenvolvimento econômico do país e listou os principais entraves à inovação do segmento
Além de marcar presença como patrocinador do 8º Lubgrax Meeting – Fórum Executivo e de Negócios em Lubrificantes, Fluidos, Óleos e Graxas, o Sinproquim (Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e da Petroquímica no Estado de São Paulo) também foi responsável por ministrar uma das palestras do evento. Na manhã de quinta-feira, dia 17, Ricardo Neves, diretor executivo do Sinproquim, apresentou o trabalho “Inovação na Indústria Química”, que, além de traçar um panorama atual da importância da indústria química para o país, explanou como a inovação deve ser inserida em todos os processos industriais e de desenvolvimento, a fim de trazer resultados significativos a curto, médio e longo prazo.
Antes de entrar no mérito da inovação, Neves apresentou dados que comprovam o peso da indústria química na recuperação da economia brasileira. Segundo ele, mesmo diante de um cenário de incertezas políticas e econômicas, o segmento de produtos químicos representa cerca de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Além disso, a área movimenta fortemente o mercado de trabalho, visto que a indústria química está diretamente engajada com empregos de alta remuneração. “Ofertamos cerca de 400 mil empregos diretos, gerando cerca de 2 milhões de empregos na cadeia como um todo. Geramos postos de trabalho de alta complexidade e, graças a isso, trabalhamos com um salário médio duas vezes mais alto do que o da indústria em geral”, enfatiza o diretor.
Somada à estruturação interna, os investimentos externos também são apontados como fundamentais por Neves para o desenvolvimento do segmento. Para que esses investimentos aconteçam, o país precisa apresentar ao mercado internacional uma estabilidade econômica e uma regulação bastante consistente. “Precisamos de um ambiente de negócios que seja previsível, com regras claras e segurança jurídica. São pontos importantes que a indústria química necessita para que possa, efetivamente, caminhar”, explica.
Futuro e inovação – Ao apresentar a inovação dentro da indústria, Neves destaca que são três os principais desafios: encontrar um líder apropriado, construir a confiança do grupo e estabelecer uma infraestrutura adequada. Neves ainda comenta sobre o peso da educação e do treinamento para quem quer se posicionar, de fato, como uma empresa inovadora. “A situação está bastante complexa. Preparamos jovens para trabalhos que ainda não são conhecidos, para usar tecnologias que ainda não foram inventadas e para resolver problemas que ainda nem existem”, declara sobre o desafio de preparar profissionais com base neste perfil.
Outros desafios apresentados durante a palestra de Neves foram a dificuldade brasileira em criar e fortalecer parcerias entre a indústria, os órgãos governamentais e os centros de pesquisa e inovação, somada ao baixo investimento empresarial. Uma pesquisa de 2016, focando empresas médias e grandes, mostra que, no setor químico industrial brasileiro, apenas 27% das empresas investem mais do que 4% de seu faturamento em PD&I – Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. A maioria delas (55%) dedica menos do que 2% de sua receira em PD&I. “Mesmo com uma indústria química de alta tecnologia e alto investimento, estamos no penúltimo lugar do ranking, acima apenas do setor de construção”, conclui.
Preocupado com a evolução do mercado, o Sinproquim iniciou em 2016 uma nova proposta para otimizar o setor químico paulista, garantindo melhorias significativas para o segmento. Durante sua palestra no Lubgrax, o diretor aproveitou a oportunidade para apresentar o novo Programa de Fomento à Tecnologia e Inovação, proposto pelo órgão, projeto que envolverá um fórum de tecnologia, desenvolvimento e inovação; ações mais práticas para a alavancagem das cadeias produtivas; parcerias com a rede SENAI; investimentos em projetos de manufatura 4.0; vínculo com a agência de fomento Desenvolve SP do Governo do Estado de São Paulo; e acompanhamento de startups criadas dentro do âmbito da indústria química.
Além disso, Neves apresentou outras ações que seguem no escopo do sindicato como, por exemplo, o levantamento do parque industrial químico do Estado de São Paulo e o programa de visitas técnicas às indústrias. Mostrando que temos uma sequência de empresas nacionais ou filiais aqui estabelecidas que se dedicam aos processos de inovação e merecem destaque no mercado, o diretor também citou cases de sucesso de marcas como Basf, Braskem, Solvay, 3M do Brasil e Dupont.