Abrão M. Árabe Neto apresentou dados, explicou as migrações para o Portal Único de Comércio Exterior e listou as ações da secretaria na busca pelo desenvolvimento do país
“Crescemos em 2017 e vamos crescer em 2018”, afirmou Abrão M. Árabe Neto, secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, ao apresentar sua palestra na manhã desta terça-feira, 22 de maio, no Sinproquim. Sob o tema “O estágio atual e as perspectivas nas negociações internacionais”, o workshop também contou com a presença de Wolfgang Lieb, consultor responsável pela área de comércio exterior do Sindicato.
Traçando um panorama do setor, o secretário enfatizou que, mesmo mediante um cenário de potencial crescimento, ainda há muitas ações a serem realizadas para que o desenvolvimento do comércio internacional brasileiro possa, de fato, se consolidar. Como ponto de partida, apresentou uma movimentação global focada em um sentimento de antiglobalização. Vivemos momentos peculiares do comércio internacional. Existe, claramente, há alguns anos, uma tendência protecionista maior, principalmente em algumas economias maduras”, disse, enfatizando a opção do Reino Unido de sair da União Europeia e, também, a vitória de Donald Trump nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América.
Para o especialista, essas novas tensões comerciais vêm sendo ainda mais fortalecidas por decisões econômicas do governo norte-americano como, por exemplo, a sobretaxa sobre importações de aço e alumínio, e a decisão de sobretaxar exportações chinesas. “São dois elementos muito claros que mostram uma política mais agressiva do ponto de vista comercial e, obviamente, geram reações”, declarou, lembrando que recentemente a União Europeia anunciou junto à OMC (Organização Mundial do Comércio) um pedido para retaliação aos EUA e, também, que a China aumentou suas tarifas em resposta às medidas tomadas pelo governo de Trump.
Analisando a situação do Brasil perante essa tensão mundial, Abrão avalia que “os desafios são muito maiores do que as oportunidades, visto que qualquer conturbação maior no comércio internacional tende a trazer mais prejuízos do que ganhos, gerando imprevisibilidade”. Porém, o secretário enfatiza que é preciso observar as oportunidades pontuais que podem surgir em alguns setores da economia. “Uma disputa entre China e EUA pode abrir o mercado para alguns produtos importantes da pauta brasileira”, declarou, lembrando que mediante esse cenário o Mercosul de forma geral passa a ser visto como parceiro importante, ganhando atenção na agenda internacional.
Com superávit recorde de US$ 67 bilhões em 2017, a economia brasileira assiste a uma retomada de crescimento. Termômetro do comércio exterior, a balança comercial do país tem se mostrado bastante dinâmica. “Em 2017 tivemos crescimento de mais de 18,5% em nossas exportações e, do lado das importações, o crescimento foi de 10,5%”, enfatizando que a Secretaria de Comércio Exterior avalia que o país deve entrar em um terceiro ano consecutivo de crescimento das exportações de manufaturados, aproximando-se dos percentuais pré-crise.
Entrando nas estratégias de crescimento que vem sendo traçadas pela Secex, Abrão listou algumas das atividades que devem ser enfatizadas para assegurar um crescimento sustentável e de longo prazo. Dentre as prioridades do órgão para 2018 estão a facilitação de comércio pela redução de prazos, custos e burocracias que refletem em aumento da competitividade empresarial; a negociação de acordos comerciais e de acordos de investimentos; o apoio aos exportadores brasileiros; a promoção da cultura exportadora; e questões operacionais como, por exemplo, o drawback que é realizado em 25% das exportações brasileiras.
Falando sobre o peso da defesa comercial para o desenvolvimento do setor, o secretário mencionou a área química brasileira. “O setor químico é um ator muito participativo na área de defesa comercial”, disse, lembrando que não se trata de protecionismo, mas de assunto de interesse público. “O Brasil quer se integrar mais e promover mais comércio. Para que essa estratégia faça sentido, é importante ter instrumentos confiáveis e eficientes para o combate de práticas desleais de comércio. Vejo coerência absoluta entre promover maior integração comercial e, por outro lado, fortalecer nossos instrumentos de defesa comercial”, enfatizou, lembrando que o Brasil não faz uso excessivo desses instrumentos e que, hoje, há inclusive uma trajetória decrescente no número de medidas aplicadas.
O palestrante aproveitou o workshop para explicar como está funcionando o Portal Único de Comércio Exterior, plataforma que reúne os 22 órgãos que de alguma maneira intervém nas negociações internacionais realizadas pela indústria brasileira.
Em sua mensagem de abertura do evento, Wolfgang Lieb enfatizou a forte atuação do secretário no apoio às exportações brasileiras. “É surpreendente a evolução que está havendo dentro da Secretaria de Comércio Exterior em parceria com a Receita Federal, tanto em prol das exportações quanto em prol das importações. A indústria precisa dos dois caminhos e é muito interessante a movimentação do Brasil nos dois sentidos do fluxo de comércio”, declarou.
O próximo workshop organizado pelo Sinproquim está marcado para dia 29 de maio, próxima terça-feira, e trará especialistas para tratar sobre o papel da controladoria e o uso de ferramentas de business intelligence nas empresas. As inscrições para o evento, que também oferece um café da manhã a todos os associados, estão abertas e são gratuitas. Clique AQUI para fazer sua inscrição.