A conjuntura é adversa, com riscos de falta de energia elétrica, racionamento e aumento de tarifas. O preço de matérias-primas básicas para o setor químico, como o gás natural, é muito superior ao praticado em países concorrentes. Há uma proposta, em análise no Senado Federal, de extinção gradativa em quatro anos do Regime Especial da Indústria Química (REIQ). Um crescente número de empresas químicas, principalmente as pequenas e médias, estão encerrando atividades. Há, ainda, um confuso e oneroso sistema tributário que sufoca as empresas.
Essas são algumas das razões que levaram os sindicatos estaduais da indústria química da Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo a criarem o Conselho das Entidades Sindicais da Indústria Química (Cesiq). O Conselho, que vai atuar em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), tem como objetivos destacar a relevante contribuição do setor para o crescimento econômico e bem-estar social, defender o fortalecimento da indústria química brasileira, em especial as de pequeno e médio porte, para evitar o aumento da dependência externa e identificar oportunidades para fabricação local de produtos químicos importados em altos volumes, bem como estimular o uso pelo setor de matérias-primas renováveis, área em que, na opinião dos dirigentes do Cesiq, o Brasil tem vantagens competitivas.
O Cesiq, que também debaterá temas locais e regionais, trocando experiências sobre a atuação das entidades, é formado pelo Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais, Petroquímicas e Resinas Sintéticas de Camaçari, Candeias e Dias D’Ávila (Sinpeq), Sindicato da Indústria de Produtos Químicos para Fins Industriais do Estado do Rio de Janeiro (Siquirj), Sindicato das Indústrias Químicas no Estado do Rio Grande do Sul (Sindiquim) e Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e da Petroquímica do Estado de São Paulo (Sinproquim). São membros do Conselho os presidentes do Sinpeq, Roberto Fiamenghi; do Siquirj, Isaac Plachta; do Sindiquim, Newton Mário Battastini, e do Sinproquim, Nelson Pereira dos Reis. O Cesiq está aberto à participação de entidades sindicais patronais de outros estados que tenham como âmbito de atuação preponderante os produtos químicos.
Planejamento estratégico
Em reunião virtual realizada no dia 7 de junho com o presidente do Conselho Diretor da Abiquim, João Benjamin Parolin, e com o presidente-executivo da entidade, Ciro Mattos Marino, o Cesiq apresentou os temas que considera prioritários para evitar a desativação de unidades produtivas e estimular o desenvolvimento do setor. Atendendo a convite da Abiquim, o Conselho indicou o diretor-executivo do Sinproquim, Renato Endres, para participar do grupo de trabalho que elabora o plano estratégico da entidade para os próximos anos.
Na opinião de Endres, é muito importante difundir para o público, formadores de opinião e também para os membros do Executivo e do Legislativo as características de atuação e importância da indústria química, que fornece produtos básicos para todas as atividades. “Muitas pessoas não sabem, por exemplo, que a energia elétrica é um insumo básico para a produção de cloro e soda, produtos essenciais em vários processos químicos, inclusive para a fabricação de PVC. Um aumento expressivo nas tarifas ou a falta de energia podem comprometer a produção de cloro e soda, o que carreará custos para vários produtos, trazendo até mesmo o risco de comprometimento ou de aumento dos gastos, para ficar apenas no caso do PVC, das metas do Plano Nacional de Saneamento Básico”, adverte.