Sobrevivência das empresas está ligada ao modo como gerem suas informações

O engano de que o uso de tecnologias de inteligência comercial é inalcançável para pequenas e médias empresas foi desmistificado durante evento no Sinproquim

 

Como controlar a rentabilidade de uma empresa usando ferramentas de gestão? Esse foi o tema do evento promovido pelo Sinproquim no dia 31 de julho, que buscou trazer aos associados presentes explicações sobre a importância do conhecimento aprofundado do seu negócio, tendo como base seus dados contábeis e financeiros.

 

O palestrante convidado, Fabio Rodrigo Pereira Sobreira, é contador, consultor, especialista em IFRS (International Financial Reporting Standards) e sócio da Biz.U Consulting, empresa criada por profissionais das áreas de Contabilidade, Finanças e TI, cujo objetivo principal é transformar dados numéricos em painéis visuais, facilitando assim sua análise, por meio de ferramentas de BI alimentadas por balancetes, demonstrações de resultados, relatórios financeiros diversos ou, até mesmo, os próprios arquivos XML.

 

“Em anos trabalhando com Contabilidade, identificamos que a maioria das empresas tinha dificuldade tanto em obter informações que realmente fossem estratégicas para seu negócio como em entender essas informações”, disse na abertura do evento.

 

BI E SOBREVIVÊNCIA

No Brasil, cerca de 24% das empresas morrem nos primeiros dois anos de vida e mais de 60%, nos primeiros cinco anos. Segundo Sobreira, esse cenário nem sempre se deve ao alto custo pago pelas empresas em impostos, juros etc.

 

Ainda que esse seja o maior motivo pelo qual as empresas deixem de funcionar, um estudo de percepção do Sebrae apontou como principal causa de encerramento de atividades os impostos/custos/despesas e juros; já a experiência em países mais desenvolvidos como Estados Unidos, Espanha, Itália, Portugal e outra pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais recente, mostra que a sobrevivência está ligada ao porte dos empreendimentos.

 

“Os índices são muito parecidos – e são até maiores nesses países que não têm os mesmos entraves políticos, econômicos e de insegurança fiscal e tributária que o Brasil”, afirma o especialista. “O maior problema está na falta de gestão.”

 

Na pesquisa do Sebrae, gestão e problemas administrativos são apontados como a quarta maior causa de fechamento. “Esse é um problema interno que pode ser resolvido no contato mais direto com o contador e, consequentemente, na melhor observância dos dados riquíssimos que a informação contábil pode transmitir”, diz Sobreira.

 

Na pesquisa mais recente do IBGE, afirma-se que a continuidade está ligada ao porte das empresas. Cinco anos após a entrada no mercado, a sobrevivência das empresas sem pessoal assalariado foi de 31,3%. Nas que contrataram de uma a nove pessoas assalariadas, foi de 57,8%. E, das companhias com dez ou mais pessoas assalariadas, sobreviveram 67,1%. “Ou seja, as pequenas e médias empresas têm mais dificuldade de sobreviver porque não estão totalmente estabelecidas e porque as maiores acabam tendo departamentos com gestão e padrões de controladoria, com alguém que consegue trazer informações em tempo hábil para tomada de decisão”, afirma.

 

Na sequência, Fábio e seu sócio Feliciano Santos apresentaram ponto a ponto a ferramenta da empresa, mostrando como ela cria painéis gráficos com os principais indicadores contábeis e financeiros, podendo também auxiliar o empresário com benchmarking, processo de comparação de produtos, serviços e práticas que contribuem de forma eminente para a gestão. Ela analisa ainda a performance financeira e mostra os principais indicativos da saúde de cada empresa, sendo possível controlar as finanças, com análises de vendas, compras e saldos de caixa, além de monitorar o comportamento do alcance de vendas e ganho por venda, conferindo o saldo de caixa futuro com alerta de caixa negativo.

 

ACESSIBILIDADE

O engano de que o uso dessas tecnologias é inalcançável para pequenas e médias empresas brasileiras foi desmistificado durante o evento. “Devido às demandas do dia a dia e, muitas vezes, por falta de assessoria, as empresas menores acabam perdendo oportunidades de melhor gerir os negócios, o que reflete em estagnação e leva a caminhos pouco produtivos; porém, com assessoria e parcerias, elas também podem ter acesso a essas ferramentas”, comentou Sobreira.

 

Para o diretor-executivo do Sinproquim, Ricardo Neves de Oliveira, o evento foi muito proveitoso: “Nós que temos um foco muito grande em pequenas e médias empresas, em que o empresário ainda usa muito o seu feeling para a tomada de decisões, acreditamos na relevância de eventos como este, que buscam levar informação para nossos associados”, diz. “É muito importante termos ferramentas que nos auxiliem a entender o que está acontecendo com os nossos negócios, mas sempre esbarrávamos em meios complicados, de alto custo e alta manutenção. Por isso, o Sinproquim estuda junto à Biz.U Consulting possibilidades diferenciadas para as empresas associadas poderem usufruir das ferramentas apresentadas”, adianta.