Planejamento e execução de ações com o objetivo de preservar e fortalecer as empresas durante a atual fase de retração econômica provocada pela pandemia de Covid-19 foi tema de webinar realizado pelo Sinproquim, que integra a série de apresentações com vistas a colaborar para superação de desafios, bem como para se preparar para a retomada.
Os economistas Regina Helena Couto Silva e José Marcos Buoro abordaram o cenário econômico e a passagem de 2020 para 2021, em uma oportunidade para compartilhamento de experiências entre as empresas e busca de soluções.
O diretor-executivo Renato Endres ressaltou, na abertura, que o Sinproquim tem contado com apoio de entidades congêneres na divulgação de eventos como este de relevância para as indústrias. Renato agradeceu o apoio institucional de: Abiclor, Abifina, Abipla, Abiquim e Sindusfarma.
A economista Regina comentou que o objetivo da apresentação foi expor o cenário de retomada econômica, que ela divide em dois momentos: o atual, provocado por uma crise sem precedentes que levou à queda da produção industrial, e o momento subsequente. “A boa notícia é que essa crise está sendo comparada com a de 2008, no sentido de ser uma recessão profunda, porém rápida, com recuperação em dois a três trimestres. Espera-se que nos últimos meses deste ano já tenhamos saído dela”, destacou.
Alguns meses atrás, a expectativa era de queda de 10% no Produto Interno Bruto (PIB); no entanto, com a retomada gradual que já se percebe, os ânimos melhoraram, e agora espera-se queda de 5%. O ano de 2020 é de recessão, com recuperação prevista para 2021 como crescimento do PIB em torno de 3,5%. O Brasil deve manter a média de crescimento de 3% nos próximos anos.
“A taxa Selic encerra este ano em torno de 2% e deve oscilar na faixa de 3% a 5% nos anos seguintes, justamente por conta da retomada da inflação. A retomada da economia eleva a inflação, e o Banco Central eleva a Selic para controlar a inflação. Para este ano, deve ficar baixa a fim de incentivar a retomada econômica”, explicou Regina.
Sobre o dólar, disse que a moeda vem se mostrando bastante volátil e lembrou que no período mais crítico da pandemia chegou a quase R$ 6. Hoje gira em torno de R$ 5,25 e R$ 5,5, devendo fechar o ano nesse patamar. “Nós temos uma preocupação muito grande com as contas públicas; hoje o principal fator que está segurando o dólar um pouco mais baixo são as contas públicas, por isso a expectativa é ficar nesse nível nos próximos anos”, afirmou.
A economista ressaltou ainda, que a pandemia permitiu avanço nos processos tecnológicos, assim como ajudou a criarnovos modelos de gestão, deu mais velocidade à decisão e um olhar mais atencioso para questões de compliance e planejamento de longo prazo.
Buoro evidenciou que, para o processo de retomada, as empresas precisam de uma tríade de ação, composta de eficiência interna, credibilidade na informação e chão de fábrica. Por eficiência interna, o consultor explicou a necessidade de pensar no ciclo operacional – prazos de pagamentos, recebimentos e estocagem.
“A questão da credibilidade na informação diz respeito à maneira como você se comunica com o mercado, porque hoje você tem que estar aberto, estar presente nas plataformas, no mercado online – que existe e você tem que usar e se adaptar a essa nova realidade. Muitas empresas estão com os funcionários em home office e mesmo assim não perderam qualidade; muito pelo contrário, algumas estão tendo ganho de eficiência. Então você deve trabalhar esse tipo de gestão”, assegurou Buoro.
O terceiro ponto de atenção das empresas deve estar na adaptação dos espaços ao “novo normal”, isto é,adequações às mudanças para respeitar o distanciamento social, escalonamento de horário de almoço dos funcionários, assim como uma série de procedimentos e ações emergenciais para a saúde e segurança de todos.
“Empresas que já contam com governança, estrutura, terão no mínimo oito meses para fazer restruturação. Uma empresa que já tem todos os pré-requisitos e queira buscar recursos no mercado precisainiciar hoje, para quem sabe em maio e junho do ano que vem já acesse”, disse Buoro.
De acordo com ele, os gestores precisam de agilidade para a tomada de decisões, não perder o foco do negócio e ter condições para a mudança. É necessário estar ciente das movimentações de mercado, para que tenha condições de se antecipar diante das oportunidades e tendências que surgirão.