Workshop debate atual cenário econômico e principais desafios do agronegócio brasileiro e da indústria

Evento realizado dia 5 de abril no Sinproquim indicou períodos satisfatórios na produção química, prevendo-se aumentos de 4% ao ano e crescimento de 2,8% para o Brasil; a sucessão de fusões e aquisições também foi apresentada como um ponto a ser analisado

Reunidos no auditório do Sinproquim, especialistas debateram, no dia 5 de abril, cenários e perspectivas, com ênfase na indústria química e no agronegócio brasileiro, para o período de 2018 e 2019. Intitulado “Economia, agronegócio e indústria: mais oportunidades ou riscos”, o workshop contou com a abertura de Ricardo Neves de Oliveira, diretor-executivo do Sinproquim, e apresentações de Fábio Silveira e Eduardo Daher, respectivamente sócio-diretor e economista agrícola da MacroSector; e Marcel Caparoz, economista-chefe da RC Consultores.

Eduardo Daher ministrou uma palestra com foco em análise de riscos e oportunidades. Para ele, o fato do Brasil ser um país tropical representa tanto uma vantagem quanto um desafio. “A grande oportunidade agrícola que o Brasil tem em relação a outros países é ser uma nação tropical que produz duas safras por ano.  Mas esse também é um grande risco, pois há maior incidência de pragas e doenças”, declarou ele que usou como comparativo o Canadá, que passa seis meses em um inverno rigoroso repleto de tempestades de neve.

Outra oportunidade típica do Brasil e apresentada por Daher é a diversidade de produtos. “Brasil é líder em produção de laranja, açúcar, café e celulose, e na área de exportação também tem liderança em vários outros setores como tabaco e cacau”, relatou, antes de enfatizar como ponto fraco a logística, especificamente, e a falta de infraestrutura, de uma forma geral.

Adentrando o espectro da tecnologia, o especialista da MacroSector elencou dois fenômenos que geram ruptura no mercado agropecuário. O primeiro fenômeno, detalhado por Daher, diz respeito à concentração de fornecedores de insumos para o setor no Brasil causado por uma sucessão, nos últimos cinco anos, de fusões e aquisições. “Hoje, cinco empresas de defensivos do Brasil representam 70% do fornecimento do mercado. Na minha escola de economia, isso se chamava oligopólio”, declarou, enfatizando que essa não é uma crítica, mas que a concentração nesse momento está assustando a agropecuária brasileira e mundial por poder ser promotora de mais tecnologia, mas ao mesmo tempo gerar preços mais elevados.

Na sequência, o palestrante citou a redução do uso da química tradicional no agronegócio que, aos poucos, está sendo transformada em biotecnologia. “Acho que a biotecnologia está mudando e ainda vai mudar mais fortemente o setor nos próximos anos”, finalizou.

Apresentando o cenário econômico deste biênio, Fábio Silveira questionou a sustentação da recuperação econômica brasileira. “A sustentação dependerá de alguns fatores condicionantes de médio e longo prazo”, disse. “O cenário de expansão tem, hoje, maior probabilidade de se consolidar em 2019. Já teremos uma evolução importante em 2018, uma boa fundamentação, com um patamar de juros bastante reduzido e o crédito se expandindo, ao mesmo tempo em que os investimentos mostram evolução positiva. O que poderia ser uma ameaça é a inflação que vai subir, mas ainda se manterá controlada em um patamar médio de 4,5% nos próximos dois anos”, explicou ele, relembrando que, devido às eleições, é pouco provável que haja alguma contenção de gastos públicos neste ano.

De forma bastante positiva, o cenário brasileiro da indústria química foi enfatizado por Silveira, que destacou que o setor “acompanha a recuperação de crédito e a recuperação da economia, avançando, hoje, a uma média de 4% ao ano”. Com bom ritmo de produção, vislumbra-se para o Brasil um crescimento firme para os próximos 18 meses, em uma perspectiva que também considera investimentos progressivos.

Na terceira e última etapa do workshop, Marcel Caparoz assumiu a apresentação para demonstrar as funcionalidades da ferramenta “Mapa de Clientes”, utilizada pela RC Consultores para análises empresariais que visam responder a questões e demandas específicas de cada companhia. Segundo ele, o sistema é capaz de auxiliar a tomada de decisões pela observação das diferenças regionais em um país continental como o Brasil, bem como pela mescla de diversos indicadores. Para tornar a explicação mais efetiva, Caparoz fez demonstrações práticas do uso da ferramenta.