Assunto será tema de workshop realizado gratuitamente pelo Sinproquim dia 9 de outubro; inscrições seguem abertas
A indústria está em constante busca pela redução de custos e despesas a fim de melhorar o lucro e garantir investimentos em inovação e tecnologia. Porém, muitas vezes essa análise de onde os gastos podem ser reduzidos não chega à gestão de resíduos. Segundo Chicko Sousa, que é especialista em Gestão de Resíduos, Circular Economy e Short Looping Recycling e palestrará sobre o tema no Sinproquim no próximo dia 9 de outubro, a indústria brasileira precisa reduzir o consumo de insumos ao mesmo tempo em que controla, de forma mais eficiente, as suas perdas produtivas. “É necessário pensar na concepção do produto com possíveis aplicações de reúso ou reinserção na cadeia produtiva”, alerta.
Para ele, que fundou a PlataformaVerde, software que segue o conceito de blockchain as service para automatizar a gestão de resíduos melhorando em até 300% as operações, essa é uma das áreas nas quais o Brasil está à frente dos outros países. “As soluções que foram aqui desenvolvidas são ‘fora da curva’ e efetuar um mix dessas soluções com algumas tecnologias externas nos coloca em uma excelente posição”, comenta ao enfatizar que a única coisa que falta é conseguirmos vincular, sem intermediários, as soluções já desenvolvidas à indústria. “Existem soluções de reciclagem para embalagens multicamadas há mais de 20 anos e a indústria acaba não tendo acesso”, exemplifica.
A própria cidade de São Paulo é um exemplo de que é preciso investir em melhor gestão de resíduos: gera cerca de 18 mil toneladas de resíduos por dia, sendo que 35% desse material é reciclável e pode ser inserido em processos produtivos. Porém, apenas 3% desses 35% são separados, mesmo a cidade tendo uma capacidade instalada para coletar 15%. Dos 3% de recicláveis coletados, 40% é rejeito e é descartado. “Temos, então, uma ‘eficiência’ de apenas 1,8%. E essa é a melhor estrutura da América Latina para coleta seletiva”, declara Sousa questionando de quem é a responsabilidade visto que a estrutura está montada, mas o material não chega para ser trabalhado. “Precisamos de educação constante, pois não há melhor exemplo de uma excelente solução que se tornou ineficiente”, pontua.
Pensando na cadeia produtiva, os impactos de uma má gestão de resíduos são amplos. “A gestão é interligada em todos os setores: a indústria que fabrica o produto, quem o transporta, quem o vende e o consumidor final. Todo esse caminho gera perdas inerentes à cada um dos processos”, comenta o especialista alertando que a má gestão faz com que haja mais perdas e, consequentemente, mais custos. Além dos desperdícios que se dão em todo o ciclo do produto, há os problemas diretamente da produção. “A ineficiência do uso da matéria-prima acarreta em despesas com a aquisição de insumos e com a utilização de mais horas máquina na confecção, o que diminui a produtividade e impacta o ciclo”, complementa.
No senso comum há, inclusive, uma percepção equivocada de quanto maior a quantidade de resíduos maior é o crescimento. “Quanto mais resíduos gerados, maior é a infraestrutura necessária para dar vazão a eles. Essa falsa sensação de crescimento nada mais é do que o reflexo da ineficiência que acarreta em mais custos”, esclarece.
Como melhorar a gestão – Existem definições mundiais como, por exemplo, a Convenção da Basileia que trata do controle de movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e seu depósito. Há, também, legislações nacionais, estaduais e municipais, bem como intervenções de entidades como a Polícia Federal e o Exército, que devem ser seguidas.
Em 2010, o Brasil aprovou a PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos que, por meio da lei nº 12.305, apresenta instrumentos importantes para que possamos avançar no enfrentamento aos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.
Para Chicko Sousa, planejar todo o ciclo é indispensável. “É preciso efetuar o design thinking de todo o processo do produto e, inclusive, de sua embalagem. A princípio isso pode ser doloroso, pois essas análises causam mais impacto na mudança do status quo de como operar do que investimentos em si. As vezes trata-se apenas de uma necessidade de maior controle e planejamento que acarretará em menor geração de resíduos impactando em menos perdas nos valores processuais e até mesmo em serviços de terceiros”, diz enfatizando que a tecnologia pode facilitar todo esse processo de controle e traceability.
A grande questão é que foram décadas de negligência. “O resíduo sempre existiu, é inerente ao nosso meio. Geramos resíduos quando nascemos, estudamos, trabalhamos e mesmo quando nos divertimos. Mas acredito que éramos cegos a ele, não queríamos ter contato ou realmente não nos preocupávamos com o seu destino. Como não tínhamos histórico, apenas nos preocupamos em descartar sem medir esse impacto”, declara.
Sousa estará dia 9 de outubro palestrando no workshop “Gestão e redução de custos de resíduos” para tratar deste assunto e explicar em detalhes como a PlataformaVerde pode contribuir diretamente com a gestão de resíduos dentro do escopo industrial. Ele, que também integra o grupo ASap – que estuda e determinará os indicadores a serem alcançados em 2030 para aceleração de uma produção mais limpa na Indústria 4.0, em Davos, na Suíça – , recentemente foi personagem de uma ampla matéria sobre o assunto na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (confira AQUI).
As inscrições para o evento estão abertas a todos os interessados e são gratuitas. Basta acessar ESTE LINK para participar. O evento será realizado das 9h às 11h no auditório do Sinproquim (no bairro da Aclimação próximo à estação Vergueiro do metrô) e oferecerá um café da manhã a todos os participantes.