A contribuição da indústria química brasileira para solucionar questões como as dificuldades de abastecimento de fertilizantes e de defensivos agrícolas, problema que se agigantou com os entraves criados ao comércio após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, e como a atividade do setor pode dinamizar a economia brasileira serão o foco central de um documento que está em preparação pelo Conselho das Entidades Sindicais da Indústria Química (Cesiq). O documento, que o Cesiq espera entregar diretamente ao Presidente Jair Bolsonaro, fará também um resumo dos principais problemas enfrentados pelo setor e sugerirá medidas para estimular a atividade da indústria química.
Na avaliação do Cesiq, o desconhecimento do governo federal e também do público em geral sobre como os produtos químicos são essenciais em praticamente todos os setores e atividades, desde a indústria de ponta até o agronegócio, comércio e serviços contamina o processo decisório e acaba gerando dificuldades para o setor e, por extensão, para toda a economia. O fim do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) no final do ano passado é um exemplo. As consequências da medida na economia não foram, segundo o Cesiq, bem avaliadas. Outro exemplo é a produção de fertilizantes. A importação passou a responder, nos últimos anos, por grande parte da demanda, o que levou ao fechamento de unidades industriais no País. Uma solução para elevar a produção de fertilizantes seria estabelecer um preço adequado, no mesmo nível ou próximo aos praticados no mercado internacional, para o gás natural a ser utilizado como matéria-prima. Há unidades industriais que podem ser reativadas rapidamente e há capacidade ociosa no setor. Em média, a indústria química brasileira opera com apenas 70% de sua capacidade de produção.
O Cesiq defende a criação do Ministério da Indústria, voltado especificamente para atender o setor industrial e que possibilite o desenvolvimento de uma visão estratégica, de longo prazo. Há falta, na visão do Cesiq, de interlocutores no governo federal que tenham conhecimento adequado sobre as características e processos industriais, o que trava os debates sobre os problemas enfrentados pelo setor. O Conselho, que reúne os sindicatos da indústria química da Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e de São Paulo, entende que estimular a atividade da indústria química local geraria mais empregos, diretos e indiretos, e aumentaria a arrecadação pela União e Estados, além de reduzir o déficit da balança comercial de produtos químicos que, em 2021, chegou a mais de US$ 46,2 bilhões.