O aproveitamento do gás natural do pré-sal cria a oportunidade de atração de investimentos superiores a R$ 65 bilhões no Rio de Janeiro, estimulando a geração de 180 mil empregos diretos e indiretos somente para viabilizar as infraestruturas de escoamento e tratamento do gás natural. O desenvolvimento da indústria petroquímica no estado também possibilitaria a redução do deficit de produtos petroquímicos e fertilizantes na balança comercial brasileira.
Essas são as principais conclusões do estudo “Potencial do gás natural: um novo ciclo para a petroquímica no Rio de Janeiro”, realizado pelo Firjan. No evento de apresentação do estudo, realizado dia 23 de junho, o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, destacou que o Brasil conseguiu aumentar a exploração de petróleo, mas não desenvolveu suficientemente o refino e a geração de produtos petroquímicos. “Temos agora essa missão, já que asseguramos a matéria-prima”, ressaltou.
O presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Químicos para Fins Industriais do Estado do Rio de Janeiro (Siquirj), Isaac Plachta, que integra o Conselho das Entidades Sindicais da Indústria Química (Cesiq), observou em sua apresentação que o Rio de Janeiro é responsável por 80% da produção de petróleo e de 60% do gás natural no País. “Investir no gás natural e na indústria química é um importante passo para a reindustrialização fluminense e do País”, afirmou. Ele destacou as variadas aplicações de produtos petroquímicos em todos os setores da economia, como a amônia, em adubos agrícolas; metanol, como solvente e combustível; e resinas termoplásticas, como o polipropileno, usado na fabricação de copos plásticos, potes de cozinha e seringas, entre outros produtos.
O detalhado estudo foi apresentado por Thiago Valejo, gerente de Projetos de Petróleo, Gás e Naval da Firjan. Segundo ele, o Brasil tem a oportunidade de melhorar o aproveitamento do gás natural. “Precisamos trabalhar para continuar avançando no ambiente de negócios e estabelecer as regras do mercado livre de gás natural, além de colocar em ação o plano estadual de fertilizantes”. Valejo projeta um potencial de incremento três vezes superior na capacidade de escoamento de gás no estado com a implantação de plantas industriais.
Também participaram do evento o engenheiro da equipe de Inteligência de Mercado do BNDES, Eduardo Ermakoff, que estima um consumo pela indústria de 42 milhões de m3/dia de gás natural em 2040; e a diretora de Estudos de Pesquisa Energética (EPE), Heloisa Borges, para quem o crescimento da demanda de gás natural no Brasil pode ocorrer a partir da indústria petroquímica. “Esse setor é gerador efetivo de emprego e renda, bem como propulsor de uma longa cadeia na economia, criando oportunidades indiretas, além de ser importante fonte de arrecadação de tributos” destacou.