A aplicação das práticas recomendadas pela ABNT PR 2030 – ESG – Conceitos, Diretrizes e Modelos de Avaliação é acessível a todas as empresas, independente do porte ou atividade. “É importante esclarecer que a PR 2030 não é uma norma técnica, mas uma recomendação. Ela orienta sobre como incorporar os conceitos e práticas ESG na organização”, ressaltou Luciana Oriqui, assessora para Assuntos de Sustentabilidade do Sinproquim, em webinar realizado no dia 4 de maio. Lançada em dezembro de 2022, a PR 2030 foi elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Environmental, Social and Governance (ESG) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que passou a contar este ano com a participação do Sinproquim para a construção de novas etapas.
Em detalhada apresentação (íntegra no final do texto), a assessora do Sinproquim ressaltou que a responsabilidade para enfrentar os grandes desafios da humanidade, como as mudanças climáticas, é de todos: governos, empresas e sociedade civil. “O mundo mudou, as demandas mudaram e as organizações precisam incorporar as práticas ESG em suas estratégias o quanto antes”, afirmou. Oriqui observou que há um crescente movimento entre investidores e sistema financeiro, bem como da sociedade, para verificar se uma organização é sustentável em termos ambientais e desenvolve políticas sociais e de governança.
A implementação da ABNT PR2030 pode melhorar a reputação da organização, demonstrando seu compromisso com a sustentabilidade ambiental e sua disposição em adotar práticas empresariais responsáveis. Os benefícios vão desde o aumento da lealdade do cliente e preferência pela marca à melhoria da satisfação e retenção dos colaboradores, com ganhos em produtividade. Luciana destacou que os líderes empresariais, para ter sucesso, devem se adequar à lógica do equilíbrio entre retorno financeiro e a internalização dos custos sociais e ambientais. “Precisamos nos questionar sobre como continuar a crescer de forma sustentável em um planeta finito”, ressaltou.
“A integração das práticas ESG deve estar alinhada com a cultura, definições estratégicas, tendências de mercado, capacidade tecnológica e financeira da organização”, afirmou. A PR 2030 orienta sobre como identificar e monitorar as ações em termos ambientais, sociais e de governança, além de dar exemplos de boas práticas.
Na apresentação, a assessora do Sinproquim relaciona os passos para a implantação das práticas ESG, que vão do conhecimento sobre os processos e estratégias organizacionais, até o engajamento e a comunicação dos resultados alcançados. Também orienta sobre como identificar o estágio, conforme definições na PR 2030, em que a empresa se encontra. “No estágio 1, a organização restringe-se ao atendimento à legislação e requisitos regulamentares, no 2, as práticas estão dispersas, ainda não integradas à gestão; no 3, os processos estão estruturados, com mecanismos de controle e busca de melhoria contínua; no 4, há o entendimento dos riscos, oportunidades e ameaças ao negócio e à cadeia de valor; e no 5 a empresa atua de forma a influenciar e catalisar mudanças, promovendo engajamento estruturado com as partes interessadas e grupos impactados”, explicou Luciana.
Não existe selo ou certificação de conformidade ESG
Durante o webinar, participantes relataram que clientes e setores industriais têm solicitado a seus fornecedores o envio de certificados de conformidade ESG, o que não existe em nenhum lugar do mundo. “O que as empresas podem fazer é solicitar uma avaliação de um organismo independente para comprovar que adotam as práticas ESG e confirmar os resultados reportados ao mercado”, salientou Luciana Oriqui. Segundo ela, ainda não existe um selo ou certificação para ESG, como ocorre, por exemplo, com as normas ISO.