Análise realizada pela Fiesp mostra que a produção industrial cresceu 0,7% nos últimos 12 meses. Houve variação positiva de 0,9% entre fevereiro e março, sem efeitos sazonais. Frente a março de 2023, houve queda de 2,8%. O aumento da atividade industrial foi concentrado em duas das quatro grandes categorias econômicas e em cinco dos 25 ramos industriais pesquisados. Entre os segmentos, o destaque positivo foi o de produtos alimentícios (+1,0%). Por outro lado, entre as vinte atividades com queda na produção, veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,0%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-13,3%) exerceram os principais impactos negativos em março de 2024.
Com os últimos resultados, a produção industrial registrou aumento de 0,3% no 1º trimestre de 2024, após crescimento de 1,3% no último trimestre de 2023, ambos na comparação com o trimestre anterior, considerando dados com ajuste sazonal. Na mesma base de comparação, a indústria extrativa apresentou queda de 3,9% no 1º trimestre do ano, após aumento de 5,5% no trimestre anterior. Já a indústria de transformação acelerou o ritmo de crescimento, com avanço de 1,0%, após variação positiva de 0,6% no quarto trimestre de 2023.
O padrão de crescimento da indústria geral no início do ano foi composto por uma tendência de crescimento da indústria de transformação e resultados mais fracos da indústria extrativa, que registrou duas variações mensais negativas nos três primeiros meses do ano. No entanto, a tendência é que a indústria extrativa se recupere nos próximos meses e a indústria de transformação mantenha a trajetória de crescimento.
Essa recuperação, avalia a Fiesp, tende a ser sustentada por um conjunto de fatores, entre eles, os efeitos da flexibilização da política monetária e a continuidade da expansão da renda. No último caso, destaca-se o aumento real de 10,3% da massa salarial ampliada na comparação entre o primeiro trimestre de 2024 e o mesmo período do ano anterior, influenciado pelo pagamento de precatórios. A conjuntura tende a contribuir para alavancar a retomada da produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis, fragilizados pelo forte aperto monetário do período recente.
A Fiesp aponta como fator de risco no cenário de recuperação da indústria de transformação o descompasso da dinâmica dos salários e da produtividade da mão de obra do setor industrial nos últimos meses. No intervalo entre 2022 e 2023, enquanto os rendimentos reais do trabalho aumentaram 4,5%, a produtividade do trabalho caiu 3,2%. Devido à forte concorrência externa e a penetração de insumos e produtos importados, o grau de liberdade para repassar o aumento de custos tem sido cada vez menor. Esse movimento tende a pressionar as margens de lucro e afetar o fluxo de caixa das empresas, configurando um fator de risco no processo de retomada esperado para o setor em 2024. Com base na queda da taxa de juros, melhora das condições de crédito, expansão da massa salarial ampliada e as medidas anunciadas pelo governo, como a Depreciação Superacelerada, Mover e o Plano Mais Produção (P+P), e também o fator de risco associado ao aumento do custo unitário do trabalho, a Fiesp projeta crescimento de 2,2% da produção industrial em 2024.