Produtores de matérias-primas químicas enfrentam situação crítica com o aumento das importações

O Conselho das Entidades Sindicais da Indústria Química (Cesiq), em reunião realizada em 17 de junho, fez uma avaliação do impacto do forte aumento de importações de matérias-primas e produtos acabados sobre a indústria brasileira. A situação dos fabricantes de matérias-primas é considerada crítica. O Conselho considera que somente com estímulos a investimentos na indústria de base, em especial nos setores químico e petroquímico, e a criação de condições que possibilitem elevar a competitividade do produto nacional será possível reverter essa situação. O equacionamento dos preços do gás natural praticados no País, que hoje chega a US$ 15 por milhão de BTU, contra US$ 4 no mercado internacional, bem como reforçar o diálogo com transformadores para viabilizar um consenso em torno do aumento das tarifas de importação de matérias-primas, são medidas que, na avaliação do Cesiq, podem abrir caminho para novos investimentos e consequente geração de mais empregos e renda no País.

Na reunião, o Sinproquim apresentou gráficos sobre a evolução do PIB das principais economias do mundo, mostrando a crescente participação da China no mercado mundial. Em 1989, China, com US$ 456 bilhões, e o Brasil, com US$ 426 bilhões, estavam praticamente empatados no ranking. Em 2022, o PIB chinês evoluiu para US$ 17,9 trilhões e o do Brasil chegou a pouco mais de US$ 1,9 trilhão. O PIB dos Estados Unidos cresceu de US$ 5,6 trilhões em 1989 para US$ 25,4 trilhões em 2022. Outro dado interessante mostra que a participação da China no PIB mundial aumentou 697,45% de 1989 a 2022. Nesse mesmo período, a participação dos Estados Unidos decresceu 8,66% e a do Brasil caiu 8,61%. As importações brasileiras de produtos químicos da China têm aumentado significativamente, passando de US$ 11,1 bilhões em 2021 para US$ 17,1 bilhões em 2022, o que representa um salto de 53,57%. O Sinproquim irá aprofundar estudos sobre o tema.  

O aproveitamento do aumento previsto no volume produzido de glicerina, em decorrência do crescimento da produção de biodiesel, também foi discutido no encontro. A cada 100 litros de biodiesel, são gerados 10 quilos de glicerina. O Cesiq vê aí uma oportunidade para o Brasil ampliar o uso de matérias-primas renováveis.

O impacto nas pequenas e médias empresas gaúchas da calamidade no Rio Grande do Sul e o encerramento de cursos de química em faculdades e colégios técnicos foram outros temas discutidos pelo Cesiq. O Conselho manifestou preocupação sobre como será a recuperação das PMEs afetadas pelas enchentes, tendo em vista que a maioria não tem mais como oferecer garantias para empréstimos que possibilitariam a retomada da produção e da prestação de serviços, o que pode ter sérios reflexos sobre o nível de emprego no Estado.