Sinproquim acompanha análises no evento Brasil 2030: Crescimento, Resiliência e Produtividade

Os caminhos do desenvolvimento sustentável no País, o atual contexto do mercado, as pressões geopolíticas globais, o impacto do tarifaço americano, além do posicionamento e da competitividade do Brasil frente às reformas e mudanças estruturais foram alguns dos temas analisados no evento. Haddad, que proferiu a palestra de abertura, ressaltou a importância de políticas voltadas à inovação e competitividade e falou sobre a expectativa de assinatura do acordo Mercosul‑­­União Europeia até o início de 2026. A assessora de Sustentabilidade do Sinproquim, Luciana Oriqui, representou a entidade no evento.

O presidente-executivo da Abiquim, André Passos Cordeiro, ressaltou que, apesar dos desafios de custos elevados e da necessidade de políticas públicas robustas, a indústria química brasileira tem papel estratégico no crescimento sustentável do país. “O Brasil é o quarto maior mercado químico do mundo, atrás apenas de China, Estados Unidos e Alemanha. Esse tamanho mostra o potencial de crescimento que temos”, afirmou. Ele informou que a ociosidade média das plantas químicas no Brasil é de 40%, podendo ser agravada pelo tarifaço. Destacou ainda o programa especial de sustentabilidade da indústria química em discussão no Congresso, os investimentos crescentes em descarbonização e no uso de matérias-primas renováveis, e reforçou a urgência de condições mais competitivas para o gás natural, insumo crítico para o setor.

“A indústria química brasileira é a mais sustentável do planeta, com cerca de 80% de sua matriz energética baseada em fontes renováveis. Além disso, nossas empresas investiram fortemente em descarbonização, redução de emissões e uso de matérias-primas renováveis, como biomassa e etanol”, afirmou Cordeiro. Para o executivo, ampliar a competitividade exige também acesso a gás natural, infraestrutura adequada e políticas que viabilizem a transição para um modelo de produção mais circular e menos emissor.

Daniela Manique, CEO do Grupo Solvay para América Latina e presidente do Conselho Diretor da Abiquim, destacou que a empresa já possui processos capazes de produzir todos os derivados de nafta de forma totalmente verde. Segundo ela, no entanto, esse modelo ainda custa de duas a seis vezes mais do que a produção tradicional, o que torna a viabilidade econômica o grande desafio.

Manique defendeu que o consumo consciente pode ser um motor para essa mudança. Ela sugeriu a ampliação do uso de selos informativos semelhantes aos de eficiência energética dos eletrodomésticos, aplicados a uma gama maior de produtos. “Se o consumidor tivesse clareza sobre o impacto ambiental, poderia optar por itens mais sustentáveis. Por exemplo, poderia saber que um fio têxtil brasileiro tem 50% menos poliamida que o importado. Essa consciência pode aumentar as vendas e ajudar a massificar e baratear as produções”, explicou.

A presidente da Rhodia e do Conselho Diretor da Abiquim ressaltou como a inteligência artificial tem sido utilizada pelo grupo para otimizar processos, como na manutenção preditiva das fábricas, reduzindo o consumo de matérias-primas e aumentando a eficiência. Destacou também a importância da segurança jurídica e de programas de longo prazo que deem estabilidade ao setor químico, lembrando que ele é a base de diversas cadeias produtivas estratégicas para o Brasil. O evento reforçou a importância da química como setor estratégico, tanto pela inovação tecnológica quanto pelo protagonismo em sustentabilidade, em um momento em que política industrial, transição energética e competitividade estão no centro do debate global.