Apresentação no Cesiq aponta caminhos para a transição energética da indústria química brasileira

A transição energética e impactos na indústria química brasileira foi o tema da apresentação realizada pela Consultoria ChemVision na reunião do Conselho das Entidades Sindicais da Indústria Química (Cesiq) realizada em 30 de junho. Luiz Marinho e Carlos Alberto Lopes, diretores da ChemVision, destacaram que a mudança no sistema energético global não se desenvolverá de forma linear ou constante, o que ocorrerá de forma diversa nas várias partes do mundo, em ritmos distintos, com diferentes combinações de combustíveis e tecnologias. Observaram que nenhum dos cenários visualizados pelas mais diferentes organizações supõe a substituição relevante dos hidrocarbonetos fósseis como matéria-prima ou fonte de energia na indústria química, em virtude das características do setor. A indústria química é classificada como um setor crítico (hard to abate), de descarbonização tecnicamente difícil, por exigir altas temperaturas nos processos.

A ChemVision ressaltou que há uma limitada disponibilidade de bioenergia sustentável face a demanda dos combustíveis e a competição com alimentos e que a vantagem decorrente da disponibilidade de matérias-primas está longe de garantir o sucesso de uma indústria, que precisa ser construído pela associação da liderança tecnológica com políticas de Estado, financiamento e capacidade de empreender. Na análise da consultoria, é possível a redução das emissões e ao mesmo tempo melhoria dos resultados, com investimentos nas instalações existentes e em novas unidades mais eficientes, mesmo com o uso de tecnologias tradicionais. A ChemVision defendeu que os recursos disponíveis para a transição energética no Brasil levem essas possibilidades em consideração, lembrando que as unidades petroquímicas são ativos de alto investimento e de longa duração. O Fundo Clima, por exemplo, com orçamento de R$ 14 bi em 2025, e taxas que variam de 1% a 8% ao ano, financia projetos de transição energética, mobilidade verde e preservação de florestas.

Dados da consultoria indicam que a produção de amônia, metanol e eteno responde pela maior parte dos gases de efeito estufa (GEE) gerados pela Química. O presidente do Sinproquim, Nelson Pereira dos Reis, elogiou a apresentação feita pela ChemVision e observou que, em paralelo ao desenvolvimento de produtos a partir de matérias-primas renováveis, é necessário manter o foco na plataforma produtiva da indústria química já existente, com a melhoria permanente da eficiência das plantas, base fundamental para o sucesso do programa de descarbonização sustentável.