A crescente dependência externa do País em relação a matérias-primas e produtos acabados tem preocupado não apenas a indústria química, como também outros importantes setores da economia, com destaque para o agronegócio. A participação da indústria de transformação no PIB caiu para 11,30% em 2020, o menor porcentual desde 1947. Em 1985, o setor industrial teve uma participação de 24,5% na formação do PIB.
Para o Conselho das Entidades Sindicais da Indústria Química (Cesiq), que debateu o tema em reunião on-line realizada no dia 8 de fevereiro, um movimento pela reindustrialização do País é pauta estratégica para o próximo governo. O Cesiq considera a criação de um ministério com foco específico na indústria como passo fundamental para estimular investimentos no País, reduzir a dependência externa e dar maior dinâmica à economia. Na reunião, foi ressaltada a crescente preocupação de várias cadeias produtivas, como o agronegócio, com os riscos de eventuais problemas com fornecedores externos e aumento de custos por majorações de preços ou questões logísticas. A recente decisão da Rússia de proibir exportações de nitrato de amônio por dois meses, o que pode afetar as culturas de cana-de-açúcar, café e hortifrútis, é um exemplo desses riscos.
REIQ
O fim do Regime Especial da Indústria Química (REIQ), estabelecido em 31 de dezembro de 2021 pela MP nº 1.095, foi apontado pelo Cesiq como exemplo do pouco conhecimento da importância estratégica da indústria química na economia. Segundo o Conselho, caso a MP não seja devolvida ao Executivo ou rejeitada pelo Congresso Nacional, haverá forte impacto em diversas cadeias produtivas, colocando em risco a sobrevivência de várias empresas, principalmente as de pequeno e médio porte, com repercussões negativas em empregos e na geração de impostos.
O Cesiq reúne o Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais, Petroquímicas e Resinas Sintéticas de Camaçari, Candeias e Dias D’Ávila (Sinpeq), Sindicato da Indústria de Produtos Químicos para Fins Industriais do Estado do Rio de Janeiro (Siquirj), Sindicato das Indústrias Químicas no Estado do Rio Grande do Sul (Sindiquim) e o Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e da Petroquímica do Estado de São Paulo (Sinproquim). Em conjunto, essas entidades representam cerca de 70% da indústria química brasileira.