Cesiq debate alternativas para garantir o abastecimento de fertilizantes ao mercado interno

O Conselho das Entidades Sindicais da Indústria Química (Cesiq) analisou, em reunião on-line realizada no dia 29 de março, os cenários para alavancar a produção nacional de fertilizantes e garantir, ainda que em parte, o abastecimento ao mercado interno. Há várias unidades paralisadas que poderiam ser reativadas e projetos parados para a produção de amônia e ureia, bem como de nitrogênio. No entanto, o preço do gás natural no Brasil, que atualmente é cotado a US$ 16 por milhão de BTU, permanece como um grande entrave para investimentos na atividade. Nos Estados Unidos, por exemplo, o preço praticado é de US$ 4 por milhão de BTU.

Outra dificuldade é o potássio, um dos nutrientes mais necessários na agricultura. As importações respondem por cerca de 90% do potássio utilizado no Brasil. Há reservas de potássio em alguns estados do País, como no Rio Grande do Sul e em Goiás, mas sua exploração esbarra em dificuldades ambientais ou logísticas. Uma solução para o problema, na análise do Cesiq, seria estabelecer alianças com outros países que possuem reservas exploráveis de potássio, como a Argentina e Canadá.

Nesse campo, há boas e más notícias. A produção nacional de nitrogênio e fósforo pode ser incrementada rapidamente e há um projeto em andamento para elevar a produção de ácido sulfúrico, necessário para a produção de fertilizantes fosfatados e sulfatados. A unidade em construção, com capacidade para 1,5 mil toneladas/dia, deverá entrar em operação em 2023. Por outro lado, uma unidade em Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, com capacidade nominal de produção de 3,6 mil toneladas/dia de ureia e 2,2 mil toneladas/dia de amônia, encontra-se em processo de venda para uma empresa russa. A dúvida é se essa empresa dará partida à planta aqui ou irá desmontar a fábrica e transferir equipamentos para a Rússia ou outro país onde os preços do gás natural sejam mais competitivos.

O Cesiq é constituído pelos sindicatos da indústria química da Bahia, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, que representam cerca de 70% da indústria química do País. O Conselho é integrado pelos presidentes dessas entidades.