A criação de um ambiente corporativo mais inclusivo e diverso possibilita avanços em inovação e aumento nos negócios, gerando mais lucratividade. O passo inicial nessa jornada é a revisão dos critérios de seleção e de promoção de colaboradores. “É essencial ter um critério diferenciado para a questão racial. Exigências como o domínio de outro idioma e curso em faculdades renomadas devem ser flexibilizadas para dar oportunidade a quem, por questões econômicas, concluiu seu aprendizado em escolas públicas e não pôde, por exemplo, estudar outro idioma”. A observação é de Verônica Hoe, gerente de Relações Públicas em uma multinacional de tecnologia com presença em praticamente todo o mundo. Ela foi a palestrante do webinar “Questões sobre a interseccionalidade entre gênero e raça para uma efetiva inclusão de pessoas negras nas políticas e nas práticas de diversidade e inclusão no âmbito das empresas”, promovido pela Comissão de Diversidade e Inclusão do Sinproquim.
No evento, acompanhado por mais de 50 participantes, Verônica ressaltou que as pessoas negras ou pardas representam 56% da população brasileira, que apenas 4% dos brasileiros conseguem se comunicar em outro idioma e que as mulheres negras têm uma remuneração, em média, 20% menor em relação a outros colaboradores que executam a mesma função. “As empresas precisam ajustar procedimentos e adotar novas políticas corporativas para tornar o ambiente interno mais inclusivo e diversificado, o que se traduzirá em vantagens competitivas”. Veronica observou que pessoas que enfrentaram dificuldades diferentes podem trazer uma outra percepção para as atividades da empresa. “O racismo prejudica o próprio negócio”, salientou.
Cofundadora e atuante no conselho do Coletivo Pretas e Petros e da Associação Mulheres em RelGov, Veronica Hoe ressaltou que há uma mudança geracional em curso, com o surgimento de novas exigências pelos colaboradores. “A licença parental estendida para pais e mães, por exemplo, é uma dessas exigências, que, aliás, está sendo adotada por várias empresas”, observou. Veronica ressaltou que a adoção de uma política clara para episódios de racismo ou de assédio na organização, prevendo penalidades, é muito importante para avanços na criação de um ambiente mais inclusivo e diverso. “O envolvimento da alta administração nessa trajetória é essencial”, ressaltou.