Empresas que contam com colaboradores felizes e saudáveis são mais produtivas e têm melhores resultados  

Ansiedade e depressão. Esses dois males da vida moderna, classificadas como doenças pela OMS, estão cada vez mais presentes no cotidiano das empresas. Para Carlos Legal, professor da FGV e especialista no tema, a saúde mental das lideranças e dos colaboradores deve ser uma das prioridades das organizações, que devem buscar reduzir o nível de estresse ocupacional por meio de ações como o estímulo aos exercícios físicos, a uma boa alimentação e ao equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Ele recomendou, para quem diz não ter tempo para exercícios físicos, o treino oficial de sete minutos criado pela Johnson & Johnson, disponível na internet.

Para Carlos Legal, é necessário construir um novo modelo de liderança, mais participativo e amigo, evitando a antiga prática do “eu mando, você obedece”. Segundo ele, o líder deve ser um facilitador, ter capacidade de autogestão, tolerância ao estresse, capacidade de influenciar, automotivação e empatia. É preciso também, segundo ele, repensar a cultura de colocar todo o foco no resultado, uma causa de grande pressão sobre os executivos e colaboradores.

Legal afirma que o mundo está enfrentando atualmente uma verdadeira pandemia de doença mental. “A OMS estima que cerca de 1 bilhão de pessoas sofrem de alguma forma de transtorno mental e dados da Associação Brasileira de Recursos Humanos mostram que, a cada dez afastamentos do trabalho, cinco estão relacionados à saúde mental. “As empresas têm seus resultados afetados negativamente pelo absenteísmo, menor produtividade e perda de conhecimentos acumulados por um profissional, além da demissão silenciosa, conhecida como quiet quitting”, ressaltou. A expressão significa que os funcionários trabalham ou se envolvem em atividades apenas nas horas definidas pelo contrato.

As empresas, segundo Carlos Legal, devem levar em consideração e se adaptar às tendências das novas gerações, como a defesa da sustentabilidade, o respeito à diversidade, a transformação digital, o home office e a busca por uma qualidade de vida diferente da visão de pais e avós, para atrair e reter talentos. “Grande parte dos jovens de hoje não querem ter um carro, o que era um sonho de gerações anteriores, e se preocupam com os objetivos da empresa onde vão trabalhar. Outro aspecto é a mobilidade profissional. Antes, ficar em uma empresa 30, 35 anos, até se aposentar, era o objetivo. Hoje, a ideia é acumular experiências em ambientes diferentes”, destacou.

O diretor jurídico do Sinproquim, Enio Sperling Jaques, que foi o mediador do evento, observou que dados da OMS revelam que um em cada três empregados já sofreu da Síndrome de Burnot, distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, causados por situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. Ele ressaltou as empresas devem ficar atentas ao ambiente de trabalho e que a Justiça do Trabalho deu ganho de causa a várias ações indenizatórias com base na Síndrome de Burnot.

Carlos Legal é diretor-executivo e comercial da Legalas Educação. Mentor e coach de lideranças, praticante e instrutor de práticas meditativas no ambiente corporativo na construção de estados internos qualificados para desenvolvimento de resiliência e gestão efetiva de combate ao estresse ocupacional, desenvolveu projetos in company de disciplina comportamental para o Banco do Brasil, CEF, Equinix, Sabin, Justiça Federal e PwC.