Entidades reagem ao tarifaço imposto pelo governo norte-americano às exportações do País

A Abiquim, a Fiesp e a CNI divulgaram comunicados sobre a decisão do governo norte-americano de sobretaxar em 50% as exportações brasileiras e defenderam a intensificação de negociações diplomáticas para o encontro de uma solução. A Abiquim ressalta que o tema tem grande relevância para indústria química, não apenas por suas exportações aos EUA, mas também porque o setor é um importante fornecedor de insumos para setores exportadores, como as indústrias de alimentos e de papel e celulose, entre outras. O setor químico, destaca a entidade, tem uma balança comercial deficitária com os EUA. Em 2024, o Brasil importou US$ 10,4 bilhões em produtos químicos dos EUA e exportou apenas US$ 2,4 bilhões. A Abiquim observa que, em um cenário sujeito a interferências de natureza política, entende que o diálogo técnico é o melhor caminho na solução dessa questão e que ambos os lados estão sujeitos a perdas, pois são mercados importantes para as exportações do outro.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) diz que a prioridade deve ser intensificar a negociação com governo de Donald Trump para preservar a relação comercial histórica e complementar entre os países. Os Estados Unidos, ressalta a entidade, são o terceiro parceiro comercial do Brasil e o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira. O aumento da tarifa para 50% terá impacto significativo na competitividade de cerca de 10 mil empresas que exportam para os Estados Unidos.

A CNI ressalta que a entrada de produtos norte-americanos no Brasil estava sujeita a uma tarifa real de importação de 2,7% em 2023, o que diverge da declaração da Casa Branca. A tarifa efetiva aplicada pelo Brasil aos Estados Unidos foi quatro vezes menor do que a tarifa nominal de 11,2% assumida no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) e defende a importância de intensificação de uma comunicação construtiva e contínua entre os dois governos. A forte integração econômica entre os dois países, destaca a CNI, é evidenciada pelas 3.662 empresas americanas com investimentos no Brasil e pelas 2.962 empresas brasileiras com presença nos Estados Unidos.

As exportações brasileiras para os EUA têm grande relevância para a economia nacional. Cálculos da CNI mostram que, em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado ao mercado americano, foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção no Brasil. Portanto, o aumento da tarifa de importação americana para 50% impacta diretamente a economia brasileira e abala a cooperação com os EUA. A Fiesp destaca em seu comunicado que negociar com serenidade, a partir de fatos e estatísticas verdadeiras, é de interesse comum às empresas brasileiras e americanas, que sempre foram bem-vindas ao Brasil. A livre atuação das empresas americanas, como de qualquer empresa nacional ou de outro país, deverá ser assegurada nos termos da legislação brasileira. Ressalta também que são muitas as oportunidades de mais e maiores negócios entre Brasil e EUA. Da exploração de terras raras ao desenvolvimento de padrões mundiais para os biocombustíveis, inclusive o SAF; do desenvolvimento de medicamentos à integração energética (como etanol e gás natural); dos investimentos conjuntos para a digitalização da economia ao uso da abundante geração de energia elétrica de fontes renováveis e baratas para o processamento de dados de ambos os países são apenas algumas das oportunidades em que empresas e governos deveriam focar. Destaca ainda que a soberania nacional é inegociável e afirma esperar que a diplomacia e as negociações equilibradas prevaleçam, a despeito de ideologias e preferências pessoais, e que o bom senso volte a nortear a relação entre essas duas grandes nações soberanas.