Investimentos em projetos de produção de hidrogênio verde no País somam mais de R$ 188 bilhões

Estudo realizado pela CNI aponta a existência de mais de 20 projetos de produção no Brasil de hidrogênio a partir de fontes renováveis. Esses projetos representam investimentos de R$ 188,7 bilhões. O hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis ou de fontes fósseis associadas à captura e estocagem do dióxido de carbono (CO2) tem sido visto como uma estratégia para a descarbonização de segmentos em que há maior dificuldade de reduzir emissões, como é o caso das indústrias de aço, vidro, química, alumínio e fertilizantes, que precisam de calor em alta temperatura.

O baixo custo e a alta elasticidade de oferta de energia elétrica de base renovável dão ao Brasil uma importante vantagem competitiva. A expectativa é de que o País produza hidrogênio com um dos menores custos do mundo, já a partir de 2030.

O estudo “Hidrogênio sustentável: perspectivas para o desenvolvimento e potencial para a indústria brasileira” destaca que diversos portos brasileiros estão desenvolvendo projetos para se posicionar como hubs de hidrogênio de baixo carbono – centros geográficos que envolvem uma cadeia de atividades de produção, transporte, entrega e uso final dessa fonte de energia. Entre os investimentos identificados, o Porto de Pecém (CE) se destaca com aportes financeiros de cerca de R$ 110,6 bilhões.

De acordo com o levantamento da CNI, destacam-se também os portos de Parnaíba (PI) com R$ 20,4 bilhões; Suape (PE) com R$ 19,6 bilhões; e Açu (RJ) com R$ 16,5 bilhões. O entusiasmo com a exportação de hidrogênio e seus derivados está associado à disponibilidade e baixo custo de produção da energia elétrica renovável no País e pelo interesse europeu de importação desses produtos.

Recentemente, a Alemanha organizou um leilão internacional para compra de amônia verde – produzida a partir do hidrogênio de baixo carbono. A amônia é o produto químico com maior demanda industrial de hidrogênio. Em 2021, foram produzidas, globalmente, 190 megatoneladas de amônia, que consumiram aproximadamente 34 megatoneladas de hidrogênio, conforme dados da Agência Internacional de Energia (IEA). No Brasil, a produção de amônia consome cerca de 145 mil toneladas de hidrogênio por ano.

Esse composto químico tem um papel crucial na agropecuária e, consequentemente, na garantia da segurança alimentar mundial, já que 70% de sua produção é direcionada para produção de fertilizantes nitrogenados. Como o Brasil ainda importa quantidades significativas de fertilizantes nitrogenados, o desenvolvimento da produção interna de amônia, a partir do fomento do mercado de hidrogênio de baixo carbono, pode ser uma oportunidade de o País gerenciar a balança comercial dessa commodity e para alinhar-se com as metas do Plano Nacional de Fertilizantes 2050.