Levantamento da CNI revela redução de 40% no volume de crédito para a indústria de transformação

O volume de crédito destinado à indústria de transformação brasileira caiu 40% entre 2012 e 2024. Os volumes de crédito para as indústrias extrativa e da construção também encolheram: 38% e 29%, respectivamente. Por outro lado, aumentou consideravelmente o crédito para consumidores (97%) e demais setores da economia. A participação da indústria no total do crédito da economia brasileira recuou quase pela metade, passando de 27,2% para 13,7% no período. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A entidade destaca que o sistema financeiro tem priorizado o consumo em detrimento da produção, comprometendo investimento, inovação e competitividade. A isso se soma as taxas de juro elevadas e a escassez de crédito de longo prazo, o que limita a modernização do chão de fábrica e amplia a dependência de importações. A CNI considera urgente criar condições de financiamento mais adequadas para sustentar o crescimento produtivo do País.

A queda na oferta do crédito à indústria, aponta a CNI, não se deve a uma redução da oferta total de crédito pelos bancos. O levantamento mostra que o volume de operações bancárias manteve participação estável nos ativos das instituições financeiras. O que mudou foi a destinação: nos últimos 12 anos, a fatia voltada para pessoas físicas subiu de 45% para 63% do crédito total, enquanto a das empresas caiu de 55% para 37%.

A redução é ainda mais acentuada quando são analisados os créditos de médio e longo prazos, fundamentais para investimentos em máquinas, equipamentos e inovação. Entre 2012 e 2024, o crédito de curto prazo para a indústria caiu 33%, o de médio prazo encolheu 55% e o de longo prazo sofreu a maior queda, de 64%.

Com o financiamento à produção das empresas estagnado e o financiamento especificamente às empresas industriais caindo, a dificuldade de acesso ao crédito compromete tanto o funcionamento diário das empresas quanto a sua capacidade de investir no futuro. Sem linhas adequadas de médio e longo prazos, a indústria tem dificuldade para ampliar sua capacidade produtiva, incorporar tecnologia e inovar, o que compromete o desenvolvimento econômico de longo prazo do País. 

O descompasso entre o crédito ao consumo e o crédito ao investimento resulta, segundo a CNI, em pressão inflacionária e crescimento das importações. Como a produção nacional não acompanha a demanda estimulada pelo crédito às famílias, a solução tem sido recorrer a produtos vindos do exterior. O aumento de importações prejudica especialmente a indústria de transformação, setor da economia mais exposto à competição externa.