O Conselho das Entidades Sindicais da Indústria Química (Cesiq) aguarda com expectativa a aprovação da reforma tributária pelo Congresso Nacional e uma mudança na política de preços do gás natural, o que poderia dar um novo alento ao setor. Em reunião realizada no dia 24 de maio, o Conselho observou que a indústria química passa por uma fase muito grave, operando com apenas 63% da capacidade instalada, o que inviabiliza as operações, e que várias unidades e empresas estão sendo paralisadas ou vendidas, muitas vezes para serem desmontadas e levadas para produzir em outros países. Atualmente, as importações de produtos químicos respondem por cerca de 60% da demanda interna.
A reforma tributária, na avaliação de conselheiros, poderia gerar ganhos de produtividade e dar início a uma mudança no ânimo dos empresários e no ambiente de negócios, apesar de a taxa de juros continuar sendo um freio para novos investimentos e retomada econômica. Outro aspecto importante seria a adoção de uma política de preços para o gás natural de síntese, um intermediário-chave na indústria química, semelhante à adotada para os combustíveis, com o abandono da paridade internacional. Entre os primeiros setores a serem estimulados com essa alteração estão o de fertilizantes e de biodiesel. André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), que participou da reunião, destacou que tem levado ao governo a preocupação com o futuro da indústria química e defendido a proposta de estabelecimento de um preço que reflita as condições domésticas de produção do gás natural. Segundo ele, o preço do gás deveria girar, no máximo, em torno de US$ 7 por milhão de BTUs. Passos espera que o novo planejamento estratégico da Petrobras, previsto para o segundo semestre, inclua investimentos para o aproveitamento do gás natural e uma mudança na política de preços. Segundo ele, levantamento realizado pela Abiquim indica um potencial de investimentos de 70 bilhões de reais na indústria química. “A decisão sobre o futuro da indústria química brasileira está nas mãos do governo”, ressaltou.