A decisão do governo americano de aplicar uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras de vários produtos é mais um desafio para a indústria química do País. Dados divulgados pela Abiquim mostram que as exportações brasileiras de produtos químicos para os EUA somaram US$ 2,4 bilhões em 2024, sendo 82% desse total concentrado em 50 códigos NCM — com destaque para petroquímicos básicos, intermediários orgânicos e resinas termoplásticas. Desses 50 itens, apenas cinco, que representaram US$ 697 milhões exportados no ano passado, não serão afetados pela nova tarifa adicional. Os demais itens — equivalentes a US$ 1,7 bilhão — passarão a ser tributados com a alíquota adicional de 40%, resultando em uma carga total de 50%.
Além das exportações diretas, há impactos relevantes sobre as indústrias químicas que produzem insumos e matérias-primas para setores exportadores brasileiros, como móveis, têxteis, couro e borracha. Associados da Abiquim já reportam cancelamentos de pedidos por parte de clientes norte-americanos.
A Abiquim e o American Chemistry Council (ACC) entregaram uma declaração conjunta às autoridades brasileiras e norte-americanas. O documento solicita ações concretas para evitar prejuízos à integração produtiva e à resiliência das cadeias de suprimento químicas entre os dois países. Também defende o avanço de medidas como facilitação de comércio e cooperação regulatória.
Como medidas emergenciais, a Abiquim defende a aplicação de direito provisório de defesa antidumping e o reforço dos recursos humanos e tecnológicos para resposta rápida a desvios de comércio, a devolução imediata de saldos credores de ICMS, a ampliação do Reintegra, programa criado pelo governo para incentivar a exportação de produtos manufaturados, para 7% e sua extensão a empresas de todos os portes, além da criação de novas linhas de financiamento à exportação.