A decisão do Banco Central de elevar para 13,25% ao ano a taxa Selic é, na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mais um movimento da política monetária que ocorre em consequência da longa cultura de juros reais elevados no Brasil, com o BC persistindo em uma única ferramenta de política monetária – a elevação dos juros – no enfrentamento de expectativas de inflação. Com o aumento, a taxa de juros real do Brasil chega em 7,8% ao ano.
A entidade afirma que o BC não leva em consideração os efeitos impactantes dos juros e da taxa de câmbio na própria inflação e que o comprometimento com o equilíbrio fiscal e com a racionalidade dos gastos públicos deve ser exercido e cobrado por todos. A CNI defende o estabelecimento de um pacto nacional, que envolva todos os Poderes, empresários e trabalhadores, pela criação de um consenso em torno de metas fiscais e de políticas econômicas estruturantes, garantindo estímulos seletivos que assegurem a continuidade dos investimentos, enquanto se busca o equilíbrio das contas públicas e o combate à inflação. A busca pela disciplina fiscal, destaca a entidade, deve vir acompanhada de medidas de incentivo à inovação, à infraestrutura, à educação e à tecnologia, garantindo uma elevação do PIB no médio e longo prazo, gradual e sustentada.
A entidade ressalta que a decisão do Banco Central não considera, com o peso correto, a desaceleração da atividade econômica, observada já no PIB do terceiro trimestre de 2024, e mantida nos dados parciais do último trimestre, até novembro. A produção industrial caiu 0,6% em novembro em relação ao mês anterior, o segundo mês consecutivo de queda. O volume vendido no varejo teve redução de 1,8% em novembro do ano passado, revertendo o crescimento que havia sido registrado em outubro. Já nos serviços, houve recuo de 0,9% em novembro, praticamente anulando a alta que tinha sido obtida em outubro. Para a CNI, fica evidente que o aumento representa mais custos financeiros para empresas e consumidores, e perda adicional e desnecessária de emprego e renda.