A criação de uma cultura mais abrangente e inclusiva pelas empresas pode alavancar resultados, maior colaboração e ampliação de perspectivas, além de evitar riscos à reputação. O tema foi debatido em reunião realizada no dia 27 de maio pela Comissão de Diversidade e Inclusão do Sinproquim. Arthur Felipe Souza Jorge, Head Global de Desenvolvimento Organizacional da Oxiteno, detalhou a experiência da empresa com a inclusão e diversidade, e o diretor jurídico do Sinproquim, Enio Sperling Jaques, analisou os aspectos jurídicos relacionados ao tema.
O respeito às diferenças e o tratamento igualitário são demandas da nova sociedade. Arthur Jorge observou que o Brasil é o quinto mais violento do mundo, é extremamente desigual, com grande parte da população vivendo em extrema pobreza, e que apenas 6% de negros têm diploma universitário. “Há um racismo estrutural na sociedade brasileira. Nós e as empresas temos que nos perguntar qual caminho queremos”. Segundo ele, a humanidade vai mudar mais nos próximos 20 anos do que nos 300 últimos anos.
O executivo destacou que uma empresa pode se tornar obsoleta por não se adaptar à nova sociedade e apresentou vários exemplos de marcas e organizações que desapareceram do mercado por ações ou comentários considerados discriminatórios pelos colaboradores e consumidores. “Hoje, os clientes questionam os fornecedores sobre quais ações de inclusão estão sendo adotadas, quais são as metas e planos”, destacou. Na Oxiteno, o programa de inclusão começou há dois anos e, segundo ele, os resultados têm sido excelentes, como as mudanças realizadas no processo seletivo de estagiários e profissionais. Como fatores de sucesso, Arthur citou a sensibilização e o envolvimento da alta liderança, bem como o respeito à cultura da empresa. “É preciso vivenciar o que há de plural no mundo. Inclusão é oportunidade e acolhimento”, ressaltou.
O tema da diversidade e inclusão é amplo, abrangendo desde pessoas com deficiência (PCDs), tratamento igualitário para homens e mulheres, inclusive em remuneração, respeito às diferentes raças e à orientação sexual, bem como o combate a preconceitos, como a gordofobia. A Oxiteno hoje tem uma diretoria composta por 57% de mulheres e 4% na alta liderança. O compromisso da empresa é elevar o número de mulheres para 50% da alta liderança.
O diretor jurídico do Sinproquim, Enio Sperling Jaques, traçou um histórico da evolução da legislação brasileira em torno do respeito à diversidade e inclusão, como o estabelecimento de cotas para negros em universidades, remuneração igualitária para homens e mulheres que exerçam a mesma função, reconhecimento da união homoafetiva e a decisão de tornar o crime de racismo inafiançável, entre outros exemplos. Ele também apresentou casos de empresas que foram condenadas a pagar indenizações a trabalhadores por ações ou declarações de colegas ou executivos, inclusive pelas redes sociais, consideradas ofensivas ou discriminatórias. O evento foi aberto pela coordenadora da Comissão de Diversidade e Inclusão do Sinproquim, Ana Cecília Marques, com mediação da consultora jurídica do Sinproquim, Elisa Jaques.