Principais tendências em compras e investimentos do agronegócio brasileiro são tema de estudo

Realizado pela primeira vez pela Fiesp, o estudo Monitor de Tendências do Agronegócio Brasileiro pode, segundo a entidade, subsidiar o planejamento de indústrias do setor e ajudar a fomentar políticas públicas voltada para o segmento. O levantamento tem como base entrevistas de produtores rurais localizados em todas as regiões do País para uma compreensão das tomadas de decisão relacionadas à aquisição de insumos e tecnologias, financiamento e seguro rural.  O estudo revelou que os produtores agropecuários são comprometidos com as boas práticas de gestão, geralmente jovens e adeptos ao uso de tecnologias. No tema inovação, os produtores rurais se definem majoritariamente como adotantes intermediários de novas tecnologias. Aproximadamente 60% dos 514 entrevistados afirmaram que costumam adotar novas tecnologias somente após observar os resultados de outros produtores que as utilizaram.

Sobre a intenção de investimentos para a próxima safra, o produtor se mostrou cauteloso. Isso indica que devem ser mantidos para a próxima safra níveis de investimento similares ao do último ciclo. Já os pecuaristas mostraram uma disponibilidade um pouco maior para investir. O destaque ficou para máquinas e implementos, variável que apresentou a maior redução nas intenções de investimentos – 45% afirmaram que não investirão ou investirão menos nesses ativos no próximo ciclo. O custo inicial elevado e o custo do crédito são os principais desafios enfrentados no setor para investir mais.

Em relação ao crédito rural, os produtores estão menos inclinados a captar recursos para financiar a próxima safra. O alto custo do crédito e a burocracia para acessá-lo representam entraves significativos. Quanto à gestão de risco, a contratação do seguro rural está no radar de aproximadamente 40% dos entrevistados, enquanto 25% ainda se mostram indecisos. Como no caso do crédito, a maioria destaca o custo elevado da ferramenta como o principal entrave para aquisição.

O estudo, que será realizado anualmente, conta, além de temas fixos, com abordagens sobre perfil do produtor, compra e comercialização, uso de tecnologia, crédito e financiamento e seguro rural, com um tema rotativo a cada ano. Nessa primeira edição, o tópico abordado foi o de bioinsumos, que apresenta franco crescimento no País.

Dos entrevistados, 66% afirmaram que já utilizam bioinsumos nas suas operações. No entanto, sua adoção em larga escala ainda encontra desafios, especialmente no que se refere à viabilidade econômica e à falta de conhecimento técnico. O alto custo de aquisição, dificuldade de aplicação e armazenamento dos produtos foram citados como obstáculos para maior uso dos bioinsumos. A pesquisa revelou ainda que, de forma geral, a qualidade do produto, o preço e a marca em que confiam se destacam como os três aspectos mais importantes, tanto na compra de insumos tradicionais, quanto na compra de bioinsumos.

As entrevistas foram segmentadas por cultura (soja, milho, café, algodão e cana-de-açúcar), além da atividade pecuária (corte e leite). A escolha dos produtos agropecuários e a sua distribuição nos estados brasileiros foi realizada com base na participação no Valor Bruto da Produção Agropecuária nacional.