Em 2023, houve uma mistura de progressos encorajadores e desafios persistentes em relação à sustentabilidade, tanto no Brasil quanto no mundo. Quanto aos aspectos positivos, os destaques são o crescimento contínuo no investimento e na implantação de energias renováveis, como solar e eólica, contribuindo para uma matriz energética mais limpa; a maior compreensão da relevância e urgência em relação às ações climáticas, avanços tecnológicos, como na área de mobilidade elétrica e armazenamento de energia, e, especialmente, mais pessoas participando de movimentos de sustentabilidade e pressionando por ações concretas por parte dos governos e empresas.
Em relação aos negativos, apenas citando alguns de maior relevância, destacam-se o desmatamento persistente, especialmente na Amazônia, e os incêndios florestais na região, com consequências devastadoras para a biodiversidade e o clima; os eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e tempestades, intensificados em várias regiões do mundo, inclusive no Brasil, o que evidencia os impactos da crise climática em curso e a dificuldade que muitos países vêm enfrentando na implementação efetiva de políticas ambientais e na transição para práticas mais sustentáveis.
À medida que adentramos o ano de 2024, vislumbramos um horizonte repleto de promessas e desafios, especialmente em relação à economia circular, responsabilidade social, eventos climáticos extremos e políticas ambientais, tanto no Brasil quanto no cenário global. Estamos diante de um momento crucial em que a conscientização sobre a urgência de ações sustentáveis se torna cada vez mais premente.
A economia circular emerge como um pilar fundamental nesse panorama, desafiando o paradigma do consumo e da produção. No Brasil, vemos um movimento ascendente. Empresas, governos e a sociedade civil começam a abraçar modelos circulares em setores-chave como a indústria, agricultura e tecnologia. A transição para a economia circular exige um reposicionamento dos modelos de negócios, priorizando a sustentabilidade e a eficiência no uso de recursos.
A responsabilidade social, entrelaçada com a inovação e a economia circular, se fortalece como um valor central nas organizações e na governança. As empresas começam a entender que seu papel vai além dos lucros; elas têm a responsabilidade de impactar positivamente a sociedade e o meio ambiente. Programas de responsabilidade social corporativa, que antes eram vistos como opcionais, tornam-se agora imperativos para a legitimidade e sustentabilidade dos negócios.
Contudo, enquanto avançamos em direção a uma economia circular e nos comprometemos com a responsabilidade social, os eventos climáticos extremos continuam a nos lembrar da urgência de políticas públicas robustas, investimentos em energias renováveis e ações concretas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. No Brasil e no mundo, testemunhamos eventos meteorológicos cada vez mais severos e frequentes. Para ampliar a adaptação e resiliência a esses eventos, as empresas podem tomar medidas como a avaliação de riscos e vulnerabilidades, compreendendo os riscos que os eventos representam para as operações, cadeia de suprimentos e infraestrutura. É necessário o desenvolvimento de planos de contingência e estratégias para lidar com as ocorrências, incluindo a adaptação de infraestrutura, diversificação de fontes de fornecimento e investimentos em tecnologias resilientes, a adoção de práticas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa, como a transição para energias renováveis, e a implementação de medidas para aumentar a eficiência energética, o engajamento comunitário e o monitoramento contínuo das estratégias de adaptação e de apoio às comunidades locais.
A expectativa é que 2024 seja intenso em investimentos em inovação e economia circular, com ações de intenso impacto em relação ao uso e consumo de recursos não renováveis, assim como promotoras da mitigação de eventos climáticos, que tendem a continuar extremos. Também é esperado que as empresas invistam consistentemente em responsabilidade social, integradas às estratégias de negócio, como já prevê os movimentos da indústria 5.0.
Texto elaborado por Luciana Oriqui, assessora para Assuntos de Sustentabilidade do Sinproquim.