Cesiq debate pedido sobre elevação de tarifas de importação e repercussão nas cadeias de produção

O Conselho das Entidades Sindicais da Indústria Química (Cesiq) analisou, em reunião realizada em 11 de setembro, a repercussão de um provável aumento nas alíquotas de importação de 62 produtos químicos, medida que está em análise no governo federal. O pedido de elevação das alíquotas foi apresentado pela Abiquim como forma de combater a crescente importação de produtos químicos da China, a preços predatórios, o que tem levado a uma concorrência desleal com fabricantes nacionais e colocado em risco a continuidade da produção local. Várias empresas já paralisaram nos últimos anos linhas de produção no Brasil pela impossibilidade de concorrer com os produtos importados. Um exemplo é o Polo Petroquímico de Camaçari. Das 47 empresas químicas que operavam no Polo, restam apenas 19.

Favorecida pela aquisição a preços baixos de matérias-primas russas, como petróleo e gás natural, a China está colocando excedentes de produção no mercado internacional, a preços com os quais produtores de outros países, inclusive do Brasil, não conseguem competir. Entidades que representam segmentos consumidores de produtos químicos no País temem que a elevação das tarifas de importação resulte em aumento de preços, o que é negado pela indústria química. O objetivo, segundo a avaliação do Cesiq, é possibilitar a elevação da produção local de produtos químicos básicos e não o de aumentar preços. Hoje, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria química no Brasil é, em média, de 60%, o que inviabiliza e encarece a produção.

O Conselho ressalta ser necessário buscar caminhos de conciliação na cadeia de produção e que é preciso olhar o todo e não apenas segmentos. Lembra também que os Estados Unidos e a União Europeia têm tomado medidas para defender os produtores locais e que o Brasil precisa adotar medidas semelhantes. “A indústria química brasileira está enfrentando um tsunami de produtos químicos chineses”, afirmou um dos integrantes do Conselho, lembrando que também estão crescendo as importações de produtos acabados de origem chinesa. Para o Cesiq, é preciso discutir caminhos para evitar que as cadeias de produção, da ponta ao final, não percam produtividade e seja evitado o fechamento de empresas no Brasil. O Cesiq defende a adoção de uma política de Estado para o setor químico, assim como outros países têm feito, entre os quais China e Índia, como forma de fortalecer um setor de base que é estratégico para o desenvolvimento e crescimento econômico.