Dados divulgados pela Abiquim mostram que a utilização da capacidade instalada na indústria química brasileira em maio atingiu o menor nível histórico, com 58%, o que compromete a eficiência operacional, elevando os custos de produção e aumentando as emissões de dióxido de carbono (CO2) por tonelada de produto. Essa situação, considerada crítica, pode levar à paralisação de unidades produtivas pela baixa eficiência operacional e comprometer ainda mais o desempenho do setor, afetando, inclusive, a dinâmica econômica do País pelos impactos nas cadeias produtivas. Como a indústria química opera grande parte da produção em processo contínuo, a utilização da capacidade instalada considerada adequada seria acima de 85%.
Por trás dessa situação, está o aumento desmesurado das importações, que saltaram de uma participação de 7% no início dos anos 1990 para 48% nos últimos doze meses. O déficit na balança comercial brasileira de produtos químicos, que alcançou US$ 44,21 bilhões no acumulado de um ano, até maio de 2024, retrata o problema.
Entre as soluções para reverter essa situação, há a proposta, em análise no governo federal, de elevação, ainda que transitória, da Tarifa Externa Comum (TEC) para 65 produtos químicos que estão sendo impactados por importações a preços predatórios. Outro ponto a ser equacionado é o aumento da disponibilidade e adequação de preços do gás natural. Hoje, a indústria nacional paga um valor de cerca de US$ 14,6/MMBTU (milhão de BTU), sem impostos. O mesmo gás, contudo, é vendido por cerca de US$ 2,82/MMBTU nos Estados Unidos, quase cinco vezes menos, e por US$ 10/MMBTU na Europa, 50% mais barato.